Nesta sexta-feira (18), Cariacica foi palco de uma ação cultural inédita que une arte, pesquisa e valorização da identidade étnica. A Secretaria Municipal da Mulher e Direitos Humanos (Semdh), por meio da Gerência e Coordenação de Igualdade Racial, participou da entrega das bonecas artesanais, que foi realizada no acampamento cigano de Bubu, em Campo Verde.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a Associação de Etnia Cigana do Espírito Santo (AMEC|ES) e o Ponto de Cultura Ícones Capixabas, com o apoio da Prefeitura de Cariacica e do Governo do Estado. A idealização da boneca cigana capixaba foi da pesquisadora da Ufes, doutoranda Déborah Sathler, que realiza pesquisa há 15 anos com grupos ciganos no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.

Ação visou realizar a entrega das primeiras bonecas artesanais com traços e fenótipos reais da etnia Calon, predominante entre os ciganos no Brasil e no Espírito Santo, às meninas do acampamento, onde residem clãs ciganos Calon. A criação das bonecas, batizadas de Boneca Cigana Capixaba, é uma resposta à ausência de brinquedos que representem a cultura e a estética das crianças ciganas.                                                                                                     

“A Semdh esteve presente com a Gerência de Igualdade Racial. É uma ação que reconhece a identidade dessas meninas, mostrando que o município está atento às múltiplas formas de desigualdades e olhando para essas questões com sensibilidade e compromisso”, afirma Carina Menezes, subsecretária da Mulher e Direitos Humanos (Semdh) de Cariacica, que acompanhou a ação.

Durante o evento, as meninas participaram de uma roda de conversa e leitura de textos da poetisa brasileira Cecília Meireles, que tinha origem cigana. "Se enxergar na infância cigana, ter uma boneca parecida com sua mãe ou sua avó importa, traz referências, envolve memória e afeto. As meninas de Campo Verde nomearam as bonecas com nomes ciganos. Elas vão pentear os cabelos das bonecas e guardar lembranças. Suas mães são costureiras hábeis, sabem costurar roupas ciganas, possuem talentos e vocações. São meninas que serão empoderadas naquilo que as fazem existir no mundo, a cultura cigana, que deve ser respeitada em suas especificidades", ressaltou a idealizadora, Déborah Sathler.

A Semdh continua comprometida em acompanhar e apoiar essas comunidades, implementando políticas públicas que atendam às suas necessidades e promovam o bem-estar social.