Lobão: “Estamos preparados pra fazer um show tratorizante em Cariacica”

Atração principal da noite de sábado (22), na comemoração dos 123 anos de Cariacica, Lobão promete show épico.FOTO:  Divulgação

Atração principal da noite de sábado (22), na comemoração dos 123 anos de Cariacica, Lobão promete show épico.FOTO: Divulgação


E viva o Roquenrou! “Barulho”, postura, atitude, provocação, estética, arte, e agressividade que o rock carrega, rótulos bem clichês para o estilo musical, mas que se encaixam com a postura do roqueiro João Luiz Woerdenbag Filho, Lobão, um crítico ferrenho de vários outros clichês. Sem papas na língua, dá seus recados para políticos, críticos, sociedade e a quem mais passar na sua frente, por meio das letras musicadas e seus livros.


Esse paradoxo intempestivo pode ser a representação da figura do cantor e escritor que se apresenta no Aniversário dos 123 anos de Cariacica, neste sábado (22), a partir das 20 horas. O microfone do palco em frente à prefeitura será dele para vociferar suas músicas, além do que mais surgir na cabeça do artista. E o recado que mandou, em entrevista à secretaria de Comunicação (Semco), prepara o público que assistirá ao show: “Estamos preparados pra fazer um show tratorizante aí em Cariacica e, sem sobra de dúvidas, será épico!”. A noite ainda terá Marcelo Ribeiro e Banda B, que abre o show trazendo ao público uma mescla de pop/rock, congo e músicas regionais.


Abaixo, confira mais sobre a carreira do músico e a entrevista exclusiva à Semco.


Carreira
Lobão começou a vida artística como baterista na banda Vínama, com Lulu Santos e Ritchie, e depois na banda Blitz. Na véspera do lançamento do primeiro álbum da banda de Evandro Mesquita, ele assinou o contrato para o seu primeiro álbum solo, Cena de Cinema (1982).


Na carreira, estourou com sucessos como "Me chama", "Vida Bandida", "Rádio Blá", "Decadence avec Elegance", "Vida Louca vida" e "Corações Psicodélicos". Em 1999, decidiu lançar de forma independente o álbum A Vida é Doce, que, comercializado em bancas de jornal de todo o Brasil, alcançou o posto de segundo disco mais vendido da carreira.


Além da música, ele estreou em 2010 como escritor. A autobiografia “50 anos a Mil” vendeu 150 mil exemplares, mostrando um pouco mais do que já se conhecia pelas mídias sociais, entrevistas e músicas. Neste ano, o recém lançado “Manifesto do Nada na Terra do Nunca” é seu segundo livro. Mais ácido que o primeiro, aborda política, cultura e educação, sem poupar nem medir palavras com ninguém.


No momento, ele trabalha com a turnê “Elétrico” e na composição de músicas novas para um álbum de inéditas. Confira a entrevista:


Semco - Qual a fórmula para continuar um roqueiro intenso, inquieto e provocador, aos 55 anos, depois de mais de 30 anos de carreira? Como manter o fôlego de sobra para causar polêmica e cantar suas músicas?
Lobão - Não perder o interesse por novos desafios, conservar a vontade de fazer música, de fazer uma performance cada vez melhor e não se satisfazer nunca com o que já se fez. Bem, temos que contar com a sorte de ter uma genética forte e uma excelente saúde, né?


S - Você começou sua carreira de músico por que queria manifestar o que pensava, compartilhar seus questionamentos?
Lobão - Não. Eu comecei como baterista e tudo o que eu queria era levar um som.


S - Hoje, com as mídias sociais, se tornaria músico?
Lobão - Mas qual seria o impedimento em ser um músico com as redes socias?A tecnologia só nos facilitou ofício. O palco, na verdade é o epicentro da minha expressão.


S - Você manifesta suas posições também no palco. O que acha das manifestações recentes nas ruas pelo Brasil?
Lobão -Estou feliz pelo povo estar mostrando que está farto desse governo, mas não consigo entender petista liderando facções no meio das manifestações. Esses caras eram pra estar correndo da gente e nunca com a gente. Eles e mais meia dúzia de partidos nanicos de extrema esquerda.


S - Em uma apresentação em São Paulo, você replicou mais uma vez a frase dizendo para que o público vivesse o rock and roll. O que é o rock? Ele pode ser simplesmente um estilo musical ou precisa ser uma postura de vida? O que seria viver o rock?
Lobão - Eu apenas saudei o roquenrou, eu sempre faço isso. O rock é uma cultura que permeou toda a minha vida, minhas atitudes, minha estética, meu modo de ver o mundo e meu som. O rock é uma cultura séria e como diria David Bowie: "Rock and Roll is a fine art". O roquerrou corre solto nas minhas veias.


S - Sua carreira é marcada por polêmicas, frases e pensamentos que causaram certo desconforto, em algum momento. Se arrepende de alguma coisa que tenha dito ou feito? E de algo que não tenha feito? Tudo que passa na sua cabeça você verbaliza?
Lobão - Mas uma das grandes missões do rock é a provocação é o desafio, o conflito. Sem esses elementos, o rock é pura confeitaria, sem substância nenhuma. Ah, sim, eu não sou perfeito,tenho muitas falhas e muita coisa para me arrepender. A gente sempre poderia ter feito algo melhor do que acabou fazendo.


S - Atrás do artista polêmico e pessoa questionadora, tem um músico com várias composições reconhecidas, sucessos do pop. Verdadeiros hits do chamado rock brasileiro. Qual delas os fãs de Cariacica irão ouvir na sua apresentação?
Lobão - Não sei. O set list eu, tradicionalmente faço na passagem de som.


S - Os fãs do início da sua carreira, que não conhecem as músicas mais novas do disco “Lobão Elétrico Lino, Sexy e Brutal”, vão gostar do show? Deixe uma mensagem aos seus fãs.
Lobão - Não sei. Espero que sim. Olha estamos preparados pra fazer um show tratorizante aí em Cariacica e, sem sobra de dúvidas, será épico! E viva o roquenrou!


Serviço
Cariacica 123 anos
Atrações: shows com Marcelo Ribeiro e Banda B; e Lobão.
Quando: sábado (22).
Onde: palco em frente à prefeitura, no Trevo de Alto Lage, a partir das 20h.
Entrada gratuita.
Mais informações: 3346-6100.


Informações Adicionais:
Texto: Marlon Marques
Jornalita responsável: Marcelo Pereira