Atleta paralímpico de Vila Graúna busca superação em seletiva para o Mundial na Holanda
Por Marketing, postado em 16/05/2013
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Lúcio Mauro Crisanto representará Cariacica na 1ª Etapa do Circuito Caixa Leste, em Minas Gerais.FOTO: Semco / Claudio Postay
Ele aprendeu a andar apenas aos nove anos. Nascido com uma deficiência na perna esquerda, Lúcio Mauro Crizanto, 42 anos, encontrou no esporte um meio para fazer amigos e superar a si mesmo. Recordista brasileiro de salto em altura (1,40m) e segundo colocado no lançamento de dardo (42 metros), o paratleta está em busca de um novo recorde.
Pela primeira vez em seus 25 anos dedicados ao esporte, Lúcio representa Cariacica numa competição. Ele está em Uberlândia (MG), onde disputa até domingo (19) a 1ª Etapa do Circuito Caixa Leste, a primeira de três seletivas para o Mundial de Atletismo que ocorrerá em junho, na cidade de Amsterdã, na Holanda.
A expectativa do atleta paraolímpico, que já representou o Brasil nas Olimpíadas de Atlanta (2004), é superar a marca estabelecida por ele. “Estou focando em bater meu próprio recorde no salto em altura. Espero conseguir chegar a 1,45 metro”, diz. Lúcio Mauro explica que o índice para o Mundial é de 1,50. Mas, caso não seja alcançado, atletas com marcas até 1,40 têm chances de convocação.
A felicidade deste canela-verde de nascimento e cariaciquense de coração em representar a cidade onde vive desde criança transborda em suas palavras. “A emoção é muito grande, nem tem como definir. Representar Cariacica me dá uma vontade ainda maior para competir e conseguir melhores resultados. Agora estou sendo reconhecido como paratleta pela cidade”, orgulha-se.
O subsecretário de Esporte e Lazer, Edvaldo Erlacher, acredita que mais importante que os resultados que Lúcio Mauro possa trazer de suas competições é o exemplo dado para os atletas do município.
“Temos um compromisso assumido com o prefeito Juninho de investir em todos os segmentos desportistas, educacional, de lazer, de rendimento e paradesporto. Estamos trabalhando para organizar um apoio mais efetivo aos nossos paratletas. Apoiar o Lúcio é, também, trazer a uma referência para os trabalhos de base que queremos desenvolver”, aponta.
História de conquistas
O primeiro contato com o esporte foi nas ruas do bairro onde mora ainda hoje, Vila Graúna. Como a grande maioria dos meninos brasileiros, o encanto pela bola de futebol foi imediato. Devido à dificuldade de locomoção para jogar com os amigos, o único lugar que tinha no time era o gol.
Procurando fazer o melhor e sem ter força para chutar, Lúcio logo desenvolveu um meio de ser ágil nos lançamentos com as mãos. Assim, adquiriu força e velocidade. O menino chamou a atenção e chegou a ser goleiro de times amadores, sendo até mesmo campeão da Copa A Gazetinha.
Aos 17 anos, levado por um amigo, ele assistiu pela primeira vez a uma edição dos Jogos Abertos e ficou conhecendo os esportes paraolímpicos. Começou treinando lançamento de dardo e de disco e logo foi chamado pelo Clube Álvares Cabral, de Vitória. Em seguida, passou a ser convocado pela Associação Capixaba de Pessoas com Deficiência (ACPD).
“O esporte me proporcionou conhecer o mundo. Fui campeão mundial no lançamento de dardo e de disco na Alemanha, em 1995. E repeti o feito dois anos depois, na Inglaterra. Em 2000, conquistei o Sul-americano na Argentina. Isso levou a ser convocado às Paralimpíadas de Atlanta, na modalidade lançamento de dardo”, recorda ele.
Superação
O baixo rendimento alcançado nos jogos paralímpicos fez com que Lúcio Mauro parasse de treinar. “Eu me decepcionei com meu resultado. Não estava no meu melhor porque eu estava voltando de um Mundial, o que acabou me desgastando”.
A retomada dos treinos foi há três anos, quando o atleta decidiu abandonar o lançamento de discos e se dedicar ao salto em altura. Para isso, modificou o treinamento e perdeu peso. A modalidade, que conta com poucos representantes no Brasil, é encarada por ele como um desafio.
“Eu sei que posso dar muito de mim, ser exemplo para outras pessoas. E o esporte é o melhor caminho. Tenho muito amor pelo que eu faço”, afirma. Lúcio Mauro treina em Vitória, de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h. À tarde, trabalha como vigilante.
Se conseguir quebrar o próprio recorde e saltar o 1,45m para o qual está treinando, ele promete não parar. “Vou em busca do 1,50m!”, sorri ele, convicto de que sua maior conquista é a trajetória de vida que trilhou. “Eu não me considero deficiente”, finaliza.
Informações Adicionais:
Texto: Brunella França
Jornalista responsável: Marcelo Pereira