Oficina de autocuidado para usuários do Programa de Hanseníase
Por Marketing, postado em 29/04/2013
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Os encontros acontecem a cada mês na Unidade de Saúde de Jardim América.FOTO: Semco / Claudio Postay
Cariacica é a pioneira em oferecer, no Estado, as oficinas de autocuidado para as pessoas que têm ou já tiveram hanseníase e seus familiares. A ação está inserida no programa de controle à hanseníase e tem como objetivo trazer estímulo, orientação e apoio psicológico para que essas pessoas desenvolvam o autocuidado em casa.
A iniciativa é da Secretaria de Saúde (Semus), por meio da Vigilância Epidemiológica. A referência técnica sobre o assunto no município, Aline Tatagiba, explica que toda pessoa que tem a doença, a partir do primeiro mês de tratamento já não transmite mais. Segundo ela, isso acontece porque a medicação reduz o nível de bactéria no organismo, o que diminui o risco de transmissão. Apesar disso, há quem tenha preconceito com essas pessoas, por desinformação. A gerente de Vigilância Epidemiológica, Denise Carramanhos, afirma que “a hanseníase tem tratamento e cura” e que esses encontros contribuem para derrubar esse estigma.
Irineu Nascimento, de 60 anos, teve a doença. Ele passou pelo tratamento entre 1978 e 1981. Atualmente, tem participado das oficinas de autocuidado e lembra que na época em que recebeu o diagnóstico o preconceito era ainda maior. Ele conta que morava de aluguel, e o dono da casa, quando soube do diagnóstico, o pediu para desocupar o imóvel. Nascimento está bem, se cuida em relação às sequelas. “Tenho ampliado meu conhecimento sobre o tema e conseguido ajuda para me cuidar”, afirma.
Funcionamento
As oficinas acontecem uma vez a cada mês. Em cada encontro os participantes apontam as necessidades e definem os profissionais que ministrarão a oficina no encontro seguinte. O encontro desta sexta-feira (26), na Unidade de Saúde de Jardim América, foi com fisioterapeutas. Como a doença atinge peles e nervos e causa deformidade física, que gera incapacidade, fazem parte do tratamento os exercícios de reabilitação. “Hoje, as fisioterapeutas estão ensinando esses exercícios para os pacientes fazerem em casa”, explica Tatagiba. A fisioterapia é realizada por meio de uma parceria com o programa Saúde do Idoso. A fisioterapeuta Livia Bonono diz que os pacientes que começaram a fazer os exercícios, já apresentam melhoras. Maria Fernandes Costa, 59, que já teve a doença, explica que com a fisioterapia melhorou sua força nas mãos. “Fazer as atividades de casa como lavar louça, torcer e passar roupa está bem mais fácil”.
O autocuidado promove:
- Humanização do cuidado;
- Integração entre a rede de Saúde e o usuário
- Inclusão social
- Melhoria na qualidade de vida
Hanseníase
- A hanseníase é uma doença infecciosa, crônica, de grande importância para a saúde pública devido à sua magnitude e seu alto poder incapacitante, causada pelo Mycobacterium leprae. O bacilo é também chamado de bacilo da Hansen. Este bacilo apresenta afinidade pela pele e nervos periféricos.
- Transmissão: ocorre através das vias respiratória (tosse, espirro, fala e respiração);
- Caso suspeito: principalmente pessoas que apresentem manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, com perda ou alteração de sensibilidade;
Qualquer serviço de saúde pode realizar o exame de pele para suspeição diagnóstica. Em casos suspeitos, o paciente deve ser encaminhado para a Unidade de Referência (Policlínica de Itacibá e US Jardim América) para confirmação do diagnóstico e início do tratamento.
Validação diagnóstica
- Policlínica de Itacibá: atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h (consultas médicas são pré-agendadas).
- US Jardim América: atendimento de segunda a sexta-feira, das 6h30 às 16h (consultas médicas são pré-agendadas). No laboratório local são realizados os exames de baciloscopia, toda terça-feira, a partir das 7h.
O diagnóstico é feito através do exame dermatoneurológico, exame de baciloscopia e/ou biópsia. O tratamento é realizado somente pelo SUS, nas Unidades de Referência. É realizado em ambulatório, gratuitamente e consiste em poliquimioterapia (PQT), ou seja, associação de vários medicamentos, conforme classificação operacional.
O tratamento pode variar de 6 meses a 1 ano, dependendo da forma clínica da doença. Devendo ser uma dose mensal, supervisionada na Unidade de Saúde; e, diariamente, com a ingestão de um comprimido em casa (a medicação é fornecida ao paciente). Uma consulta médica, pré-agendada, é feita no mês seguinte.
Toda pessoa que resida ou tenha residido com um doente de hanseníase nos últimos cinco anos, deve procurar o serviço de saúde e ser examinada. (com informações da Vigilância Epidemiológica).
Oficina de autocuidado sobre hanseníase
Galeria de imagens
Semco/Claudio Postay
Informações Adicionais:
Texto: Verônica Aguiar
Jornalista responsável: Evandro Costalonga