Festa do congo para celebrar devoção a Nossa Senhora da Penha em Roda D’Água

Congueiros se reúnem em Roda D´Água para homenagear Nossa Senhora da Penha.FOTO: Semco / Claudio Postay

Congueiros se reúnem em Roda D´Água para homenagear Nossa Senhora da Penha.FOTO: Semco / Claudio Postay


Numa manhã nublada de segunda-feira (8), as vestimentas das bandas de congo coloriram o Carnaval de Congo em homenagem a Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito Santo, em Roda D´Água, comunidade rural de Cariacica.


Os músicos vão chegando e se reunindo. Os instrumentos não demoram a encontrar as mãos dos congueiros. O bom dia é dito em batidas de tambor. Uma procissão se forma para ir ao encontro da imagem da santa, que aguarda na casa de Jordete Bremenkamp. "Fico muito feliz em receber Nossa Senhora aqui. Faz 16 anos que moro em Roda D´Água e sempre participei do congo, é muito bonito", disse a produtora de flores.


O cortejo de congo, cada banda com seu ritmo, segue pela estrada principal de Roda D´Água. As pessoas vão se juntando à procissão, rumo ao campinho onde é realizada a missa. De acordo com o cantor Carlos Oliveira, que há 15 anos colabora com a realização do Carnaval de Congo, há dois anos a comunidade passou a celebrar a missa com as bandas.


"A festa estava perdendo a identidade. A devoção a Nossa Senhora faz parte da essência do Carnaval de Congo. Agora está uma coisa mais bonita de se ver. Roda D’Água é o coração do congo de Cariacica, berço de várias bandas. Essa festa nasceu aqui. E para a cultura se manter viva, é preciso que ela continue acontecendo", diz o artista.


Roda D´Água era uma área de quilombo e, como o Convento da Penha ficava muito longe, os moradores utilizavam os tambores para homenagear Nossa Senhora da Penha.


Mestre Olival Graça, da banda de congo São Sebastião de Taquaruçu, destaca que a bênção das bandas, seguida da missa celebrada em ritmo de congo, é importante para os congueiros. "Primeiro, quando saía com a banda, tinha gente que dizia que era macumba. Nós todos do congo somos uma irmandade e não tem coisa melhor que estar todo mundo junto para fazer uma festa como essa", conta.


Para o prefeito Geraldo Luzia Junior, o Juninho, que desde cedo ajudava na organização do festejo, o papel do poder público é apoiar a comunidade. "A gente vem acompanhando há anos o Carnaval de Congo e o nosso papel é respeitar a comunidade. Foram eles que introduziram a celebração da missa. A convergência da festa popular, do carnaval com as bandas, com a devoção, este ano, foi de extrema harmonia, valorizando a participação das famílias, da comunidade e dos congueiros", avalia.


Encontro de congos


Além de 10 bandas de Cariacica (Banda de Congo São Sebastião de Taquaruçu; Banda de Congo Santa Isabel de Roda D’Água (adulto e mirim); Banda de Congo Mestre Itagiba (adulto e mirim), Banda de Congo São Benedito de Piranema; Banda de Congo São Benedito de Boa Vista; Banda de Congo Unidos de Boa Vista (adulto e mirim); Banda de Congo da Apae de Cariacica), bandas de Serra, Vila Velha, Linhares, Fundão e Guarapari reúnem seus tambores e casacas em Roda D´Água.


No campo do América F.C., após o show da banda Cia Cumby, cada banda começa a tocar. É interessante notar que cada uma delas tem uma cadência própria. Às vezes, as toadas coincidem, mas o ritmo do canto e da batida são diferentes.


"Cada banda tem sua identidade. Existem até instrumentos usados em uma região e em outras não, como o triângulo. As bandas de Serra, por exemplo, tem uma batida mais acelerada", explica o cantor Carlos Oliveira.


Ao fim da tarde, todas as bandas formam uma única, misturando as cores e estandartes, para cantar uma das toadas mais populares em homenagem à padroeira do Espírito Santo, "Iá iá você vai à Penha".


"Fico muito contente em ver o início do resgate das características da festa. Este ano, tivemos um grande grupo de mascarados, que são atores de Cariacica. E no stand da Cultura, as pessoas puderam ver pinturas e esculturas relacionadas à cultura do congo", sublinha o secretário municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Carlos Délio.



Carnaval de Congo de Roda Dágua


Galeria de imagens


Semco/Claudio Postay



Informações Adicionais:


Texto: Brunella França


Jornalista responsável: Evandro Costalonga