Do barracão de alegorias pesadas ao posto de Rainha! Conheça Bryce Caniçali

Bryce Caniçali, a Rainha de bateria da G.R.E.S. Boa Vista.FOTO: Semco / Claudio Postay

Bryce Caniçali, a Rainha de bateria da G.R.E.S. Boa Vista.FOTO: Semco / Claudio Postay


Sorriso fácil, astral leve e um tanto tímida para falar de si. Assim é sua majestade, Bryce Caniçali, Rainha de Bateria da Independente de Boa Vista. É a primeira vez que a bela mulata sai à frente dos ritmistas da Águia Furiosa, mas a história dela com a escola começou há 14 anos, no barracão pesado, ajudando a confeccionar os carros alegóricos.


Vestida de “Pantera negra”, fantasia que está sendo feita no Rio de Janeiro, ela promete surpresas aos foliões que forem ao Sambão do Povo no dia 2 de fevereiro, quando a Boa Vista será a terceira escola a desfilar. Bryce conta que está até aprendendo a tocar um novo instrumento – ela já toca chocalho –, mas desconversa. Pode ser que ele vá para a avenida ou não.


Apaixonada pela escola, ela conta um pouco sobre sua trajetória na Boa Vista e outras curiosidades. Leia a entrevista.


Hoje você está num dos postos mais cobiçados de uma escola de samba, Rainha de Bateria. Mas como começou a sua história na Independente de Boa Vista?


Bryce Caniçali: Foi aos 15 anos, quando me mudei para Itaquari. Era final de ano, outubro ou novembro, e deu para pegar a época de preparação. Comecei a ver a escola e fui me envolvendo. No dia do desfile, quando cheguei e vi os carros alegóricos ainda nos ferros, fui pra lá ajudar a colar garrafas pet pra escola entrar na avenida.


Depois disso, fiquei anos no barracão de alegorias pesadas. Nem imaginava ser rainha. Até porque, naquela época eu nem era bonita. Desfilava na harmonia, ajudando a escola a passar. Mas ainda bem que o tempo passa e eu fui crescendo, ganhando corpo e comecei a desfilar como destaque de chão.


Em 2010, houve um concurso para rainha e resolvi me inscrever. Não ganhei, mas a escola me convidou para sair à frente da bateria, como Musa. Desfilei dois anos e no final do ano passado veio o convite da diretoria da escola para eu ser a Rainha.


É a realização de um sonho?


É! Eu passei a sonhar em ser rainha a partir do momento em que comecei a desfilar de destaque. A bateria é o coração da escola mesmo. Acho que toda menina que sai na escola de destaque ou que é passista tem esse sonho de um dia ser rainha.


A emoção será diferente ao entrar no Sambão do Povo este ano?


São 14 anos e não teve um que eu não entrei chorando na avenida. Não troco a minha escola, sou uma apaixonada. Quando comecei a sonhar em ser Rainha, sonhava em ser Rainha da Boa Vista, nunca de outra escola. Então, eu me emociono muito. Mas a emoção mudou, assim como a escola, que se transformou. Antes, era uma emoção aflita de ver os carros faltando acabamento, fantasias incompletas. Hoje a gente desfila com mais tranquilidade porque a escola cresceu, é bicampeã do Carnaval. Estou muito ansiosa, mas é uma ansiedade boa!


Como é sua relação com a bateria?


Olha, tem menino ali que eu vi entrar na bateria, aos 7, 8 anos. A Águia Furiosa é muito familiar e eu me dou bem com eles. Claro que ninguém agrada a todo mundo. Mas pra ajudar, o nosso mestre Picolé é uma pessoa maravilhosa, capaz de harmonizar o conjunto, ele tem o comando, é o pai dessa família.


Na evolução de vocês, estão preparando alguma surpresa?


Sim! Não posso contar, mas estamos preparando uma interação bem legal. Eu estou me preparando também com uma amiga, a gente montou uma coreografia baseada no samba e ensaio em separado, aos sábados. Preciso também controlar um pouco a emoção, tem que ter um pouquinho de frieza para evoluir bem.


Qual foi o momento que mais marcou para você durante esses 14 anos de dedicação à escola?


Teve um ano, quando eu ainda estava trabalhando no barracão pesado, a gente estava às vésperas do desfile, correndo para finalizar os carros. Eu fiquei três dias direto no Sambão, sem ir em casa, sem dormir. Troquei de roupa debaixo de um carro alegórico e fui desfilar na harmonia. Isso me marcou. Essa entrega.


Desde que foi convidada para ser Rainha, como você reagiu?


Fui de cabeça! Academia, estética, cabelo, maquiagem, roupa. Eu tenho uma equipe maravilhosa que trabalha comigo, são umas 10 pessoas. E minha família toda me apoia, principalmente o meu “personal tudo”, meu noivo. Minha mãe é minha maior fã! Ela coloca medalhinhas bentas em todas as minhas roupas de apresentação e me sinto mesmo protegida.


E a Bryce fora da Boa Vista, como é?


A Bryce trabalha pra danar! Meu noivo e eu temos uma confecção, uma marca de roupa, a Pretinha. Eu faço os desenhos, sou a estilista da marca, e também cuido da produção e das vendas no varejo. Para relaxar, a gente gosta de se reunir com os amigos em casa e também vamos muito aos sambas da Grande Vitória.


Informações Adicionais:


Texto: Brunella França


Jornalista responsável: Evandro Costalonga