Mistura de fé, tradição e alegria marcou mais uma edição do Carnaval de Congo de Máscaras de Cariacica

Batidas de tambor, roncos de cuíca e o rec rec característico das casacas de congo. Esse era o som no início da manhã em Roda D’Água, nesta segunda-feira (28), na concentração da primeira procissão do Carnaval de Congo de Máscaras. A festa centenária é realizada em homenagem à padroeira do Espírito Santo, Nossa Senhora da Penha.


Por volta das 8h da manhã, as bandas locais começaram a se reunir nas proximidades da casa do mestre Itagiba. As bandas de São Sebastião de Taquaruçu; de Santa Isabel de Roda D’Água (adulto e mirim); do Mestre Itagiba (adulto e mirim), de São Benedito de Piranema; de São Benedito de Boa Vista; dos Unidos de Boa Vista (adulto e mirim); e da Apae de Cariacica seguiram a procissão até o campo society, onde o padre Alexandro Firmino Barbosa aguardava a chegada da imagem da santa.


Durante a missa, cantos religiosos foram entoados pelos presentes ao som dos batuques do congo, num bonito sincretismo. “O congo é uma grande manifestação de fé. Estava acompanhando daqui e vi como é bonito o jeito que cada um aqui reza. É diferente, natural, com uma alegria que vocês têm. Vejo que essa alegria é de Deus”, ministrou o padre.


mariacardoso

A aposentada Maria Cardoso (de lenço na cabeça), de 60 anos, é nascida e criada dentro da banda de congo de Santa Isabel. Ela foi uma das fiéis que carregaram a imagem durante a procissão. Esta alegria, conta ela, é renovada todos os anos. “É lindo isto aqui. Vivo este momento de fé todos os anos, com a alegria do congo e a devoção à nossa santa. Naquele momento peço proteção, saúde e vida para mim e minha família. Estar perto dela, daquela forma, traz paz”, confessou.


 

 

mariaseveriana


Outra fiel à Nossa Senhora da Penha é a diarista Maria Severiana Manoel. Aos 63 anos é o segundo carnaval de que participa. Moradora de Nova Rosa da Penha I, cedeu aos encantos do congo há apenas dois anos, por convite de uma amiga. Mãe de 8, avó de 26 e bisavó de 2, descobriu que podia se divertir muito ainda.


“Faço questão de me produzir e sair de casa. Ficar lá dentro o dia todo com meus filhos, todos criados? De jeito nenhum! Maquiagem, brincos, pulseiras, ponho tudo que tenho direito. Me visto com muito capricho para homenagear Nossa Senhora e ao meu santo de devoção, São Benedito”, concluiu.


Após a missa, a procissão seguiu até o campo do América F.C., onde foram realizados os shows na parte da tarde. O grupo Cia Cumby, com seu congo reestilizado, foi que abriu a festa. Para fechar, a honra foi dada aos músicos do grupo Moxuara. Mas, entre uma banda e outra, houve muito do congo tradicional. Quem lotou o local dançou e se divertiu sob vários estilos. Do congo cadenciado e tradicional das bandas de Cariacica e da Barra do Jucu ao ritmo forte e mais rápido das levadas de Serra.


 

 Para o secretário de Cultura, Carlos Délio, o resultado final da festa aponta para o resgate da cultura do município. Outro ponto alto foi a participação de muitas crianças na oficina de pintura de máscaras. Foram registrados quase 400 participantes, em sua maioria crianças.


“Vimos ser fincado o marco do resgate do Carnaval de congo aqui hoje. Com muitos mascarados e joões bananeiras, a plástica do evento volta a suas origens. Além disso, me deixou muito feliz ter visto o ambiente familiar. Ficou muito legal”, comentou.



Carnaval de Congo de Máscaras 2014


Galeria de imagens
Semco/Lucas Calazans