Amor acima de qualquer preconceito
Por Marcelo Pereira, postado em 27/06/2016
Fotos Lucas Calazans
Trabalhar como voluntária numa casa de acolhida de crianças em Cariacica rendeu mais que a certeza de um serviço bem feito para Jocilene Lemos, residente de Morada de Santa Fé. Ela "ganhou" um filho, E., um rapaz de 15 anos que se junta aos outros três filhos biológicos da pedagoga. O processo de termo de guarda do garoto está em andamento, deixando o sonho de uma nova família para E. cada dia mais palpável.
Jocilene conheceu E. em seu voluntariado. Apegou-se a ele de tal forma que entrou para o programa Família Acolhedora, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), que proporciona convívio em núcleos familiares para crianças e adolescentes que estão sob medida protetiva que incluem o afastamento das famílias de origem. Assim, o garoto passou a frequentar sua casa. E gostou de lá.
"Eu sempre acreditei nele. Ele teve um histórico de fugas por não se adaptar a outros famílias e sempre retornava ao abrigo. Eu não pensei em nada disso, pensei basicamente nele e ele quis ficar conosco. Disse que jamais iria desistir dele. Eu dei um voto de confiança a ele e acho que isso chegou ao seu coração", declara, emocionada.
E. está com a família de Jocilene desde junho de 2015 e sente-se integrado ao cotidiano da casa. Estuda, brinca com seus novos irmãos, enfim, faz tudo o que faria um garoto normal de 15 anos. E não há moleza para ele: as notas na escola têm que ser boas, além de cumprir com as tarefas no convívio com outros jovens de 19, 13 e 11. O garoto tem um jeito tímido mas que descontrai junto de Jocilene, dando um tempo no smartphone, que não larga (como todo jovem de hoje). "Gosto muito daqui e de como eles me tratam. A gente estuda, joga bola, passeia e tem certeza de que amam a gente", declara.
Preconceito
No abrigo onde conheceu E., ela se deparou com histórico de crianças abandonadas e também vítimas de violência doméstica. Ela acredita que o programa Família Acolhedora possibilita que as dores desse passado conturbado possam, se não forem sanadas, ao menos serem encaradas com alento e apoio com a ajuda de quem presta solidariedade.
"O que essas crianças querem é alguém em quem elas possam confiar e que também acredite nelas", sintetiza. Com E. foi assim. Mas o convívio nem sempre foi fácil. Mais por parte de quem está de fora desse processo. "As pessoas estranham, vem com perguntas, dizendo quem é a criança, por que está na casa, fazem críticas. Mas, quando a gente realmente se doa por alguém enfrenta tudo isso e sai mais fortalecido", sustenta, lembrando que já teve que lutar por E. em um momento delicado na escola do bairro. "Começaram a tratá-lo como um garoto problemático, por ele estar numa situação que vinha de um abrigo. Eu tive que intervir, mostrar o quanto havia de preconceito nessa postura daquela professora. Tudo foi resolvido e ele estuda sem problemas lá", relembra.
Jocilene recomenda que mais pessoas participem do Família Acolhedora. "Mas atenção: não significa que você tenha que adotar a criança e não se trata de um caminho para adoção. Não é isso. Mas você vai poder dar um pouco de carinho e um clima de família para essas crianças e jovens que, muitas vezes, não sabem nem o porquê de estarem num abrigo. Algumas situações que enfrentaram são muito complexas para que elas entendam. Mas, amor é sentimento que todo mundo sabe o que é", finaliza.
Conheça mais sobre o Programa Família Acolhedora neste link
Jocilene conheceu E. em seu voluntariado. Apegou-se a ele de tal forma que entrou para o programa Família Acolhedora, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), que proporciona convívio em núcleos familiares para crianças e adolescentes que estão sob medida protetiva que incluem o afastamento das famílias de origem. Assim, o garoto passou a frequentar sua casa. E gostou de lá.
"Eu sempre acreditei nele. Ele teve um histórico de fugas por não se adaptar a outros famílias e sempre retornava ao abrigo. Eu não pensei em nada disso, pensei basicamente nele e ele quis ficar conosco. Disse que jamais iria desistir dele. Eu dei um voto de confiança a ele e acho que isso chegou ao seu coração", declara, emocionada.
E. está com a família de Jocilene desde junho de 2015 e sente-se integrado ao cotidiano da casa. Estuda, brinca com seus novos irmãos, enfim, faz tudo o que faria um garoto normal de 15 anos. E não há moleza para ele: as notas na escola têm que ser boas, além de cumprir com as tarefas no convívio com outros jovens de 19, 13 e 11. O garoto tem um jeito tímido mas que descontrai junto de Jocilene, dando um tempo no smartphone, que não larga (como todo jovem de hoje). "Gosto muito daqui e de como eles me tratam. A gente estuda, joga bola, passeia e tem certeza de que amam a gente", declara.
Preconceito
No abrigo onde conheceu E., ela se deparou com histórico de crianças abandonadas e também vítimas de violência doméstica. Ela acredita que o programa Família Acolhedora possibilita que as dores desse passado conturbado possam, se não forem sanadas, ao menos serem encaradas com alento e apoio com a ajuda de quem presta solidariedade.
"O que essas crianças querem é alguém em quem elas possam confiar e que também acredite nelas", sintetiza. Com E. foi assim. Mas o convívio nem sempre foi fácil. Mais por parte de quem está de fora desse processo. "As pessoas estranham, vem com perguntas, dizendo quem é a criança, por que está na casa, fazem críticas. Mas, quando a gente realmente se doa por alguém enfrenta tudo isso e sai mais fortalecido", sustenta, lembrando que já teve que lutar por E. em um momento delicado na escola do bairro. "Começaram a tratá-lo como um garoto problemático, por ele estar numa situação que vinha de um abrigo. Eu tive que intervir, mostrar o quanto havia de preconceito nessa postura daquela professora. Tudo foi resolvido e ele estuda sem problemas lá", relembra.
Jocilene recomenda que mais pessoas participem do Família Acolhedora. "Mas atenção: não significa que você tenha que adotar a criança e não se trata de um caminho para adoção. Não é isso. Mas você vai poder dar um pouco de carinho e um clima de família para essas crianças e jovens que, muitas vezes, não sabem nem o porquê de estarem num abrigo. Algumas situações que enfrentaram são muito complexas para que elas entendam. Mas, amor é sentimento que todo mundo sabe o que é", finaliza.
Conheça mais sobre o Programa Família Acolhedora neste link