Cultura ganha casa em Cariacica com entrega do novo centro Frei Civitella
Por Marcelo Pereira, postado em 24/06/2016
Fotos Claudio Postay
A reforma deu ao espaço, no primeiro piso, um teatro totalmente reformulado, com capacidade de 166 espectadores, (sendo 159 lugares gerais, 1 para obeso, 2 para portadores de mobilidade reduzida e 4 lugares reservados para cadeirantes). O palco, em estilo italiano, foi ampliado, assim como os camarins.
As modificações também instalaram um sistema completo de refrigeração. Foi incluído isolamento acústico, de acordo com as normas técnicas de casas de espetáculo.
O segundo andar será transformado na nova sede da Secretaria Municipal de Cultura (Semcult) . Isto significará uma economia anual de R$ 54 mil em aluguel, atualmente gastos pela Semcult. O segundo piso contará ainda com uma sala de formação e capacitação para atividades artísticas.
O prefeito lembrou que a nova fase do centro cultural é o resultado de uma luta constante dos artistas, da qual ele participou quando foi secretário municipal de cultura e presidente do Conselho Municipal de Cultura. "Somente quem se dedicou a um espaço como esse sabe o significado da restauração do nosso centro cultural. Nossa cidade é um celeiro de artistas. Agora, eles possuem um espaço digno para apresentar espetáculos de médio e pequeno porte e com um detalhe: sem esquecer o fator de acessibilidade a todo tipo de público", destacou.
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O secretário municipal de cultura, Carlos Délio, anunciou o festival Cariacica em Cena como o primeiro grande evento do novo Frei Civitella
O secretário municipal de Cultura, Carlos Délio, recordou da trajetória da construção do Frei Civitella e também do carinho que a classe artística sentia pelo local. "Desde 1989, quando foi inaugurado, a cultura de Cariacica jamais deixou o centro cultural abandonado. Mesmo com as precariedades, sempre havia algum movimento, algum espetáculo, algum projeto desenvolvido aqui. Os artistas são guerreiros e mantiveram a chama da importância do centro cultural acesa. Até que ganhamos um prefeito sensível às questões da cultura, que também havia acompanhado de perto essa luta, e a administração atual concretizou esse sonho, totalmente restaurado e reformado com recursos próprios", enfatizou. Os investimentos no Centro Cultural foram de R$ 2.688.284,14 nas obras e cerca de R$ 200.000,00 apenas em mobiliário.
Foi anunciado pelo secretário o primeiro grande evento do novo espaço: o festival de dança e teatro "Cariacica em Cena", para a primeira quinzena de julho.
Parcerias
Gestores da área da cultura do Governo do Estado e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) sinalizaram que o centro cultural pode ser incluído em projetos de itinerância de espetáculos e de formação artística dessas instituições. O secretário de Estado da Cultura, João Gualberto, elogiou a reforma e afirmou que Cariacica está no rumo certo. "O município pode receber espetáculos de fora, ao mesmo tempo em que pode abrigar grupos da própria cidade. Além disso, o Centro Cultural Frei Civitella está bem situado em relação à geografia da cidade. A Secretaria de Estado da Cultura está aberta a contribuir com a Prefeitura na ocupação do uso do espaço seja com ideias ou projetos", destacou.
Militante da área cultural, o músico Rogerinho Borges, atual secretário de cultura da Ufes, lembrou que a reinauguração vai contra a maré de diminuição de espaços culturais sofrida pela Grande Vitória na última década. "Perdemos o Teatro da Scav e o Teatro Galpão, em Vitória. Participar da inauguração de um novo equipamento como este nos dá alegria e um alento para os que entendem o que é produzir cultura alternativa, aquela longe da mídia. Cariacica está de parabéns pois o seu prefeito não colocou a cultura em segundo plano", elogiou. Ele colocou à disposição todo o corpo técnico e artístico da universidade federal nos projetos do Frei Civitella. "O Coral da Ufes, por exemplo, sempre teve uma ótima receptividade em Cariacica e gosta de se apresentar aqui. Será uma honra o grupo se apresentar neste palco", apontou.
Expectativa dos artistas
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A banda do Talma Sarmento trouxe, em seu repertório, versões para sucessos de Tim Maia que animaram a plateia
Artistas no palco e na plateia elogiaram as novas instalações. A Corporação Musical Talma Sarmento de Miranda, sob regência do maestro Eder Scardua, animou a noite com um pout-porri em versão instrumental de sucessos de Tim Maia como "Primavera", "Gostava Tanto de Você", entre outros.
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Bollywood é aqui: performance do grupo de dança contemporânea da Panc fez uma viagem à Índia dos grandes musicais
A aprovação da plateia continuou com as coreografias dos grupos de dança do Projeto Arte na Comunidade (Panc), da coreógrafa e bailarina Geisa Machado. O projeto atende a 60 crianças e adolescentes de Itaquari, com aulas de dança e balé clássico. A primeira performance foi feita com crianças. A segunda fez o público viajar na tradição indiana com uma coreografia inspirada nos filmes de Bollywood. Geisa se sentiu honrada em inaugurar o palco do novo frei Civitella. "É ótimo saber que temos agora, para nossas apresentações, um local de referência dentro de nossa própria cidade", opinou.
O vice-presidente do Conselho Municipal de Cultura, o ator Hudson Braga, diz que o desafio agora é a ocupação. Mas não do palco e, sim, da plateia. "Temos muita produção para a agenda deste centro cultural. Agora, cabe à população de Cariacica abraçar a causa, não deixar essas poltronas vazias. Foi uma grande conquista para nós, artistas, mas o trabalho não para na inauguração", afirmou.
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O regente Ronaldo Sielemann, do coral infantil do Cristo Rei, elogiou a estrutura do palco do Frei Civitella: "Pode receber um piano de cauda para acompanhar um coro, por exemplo".
O músico membro da Orquestra de Câmara Victoria Antiga e regente do Coro Meninas e Meninos Músicos da Obra Social Cristo Rei, Ronaldo Sielemann, considerou a entrega do novo Centro Cultural Frei Civitella um "divisor de águas" na história cultural da cidade. "Agora sim temos um espaço com condições de receber, por exemplo, uma apresentação de um coro acompanhado de um piano de cauda. A estrutura cênica e acústica daqui comporta um espetáculo de qualidade", aprovou o artista que mora em Vera Cruz.
Arte no pátio
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O artista plástico Iago Silva finalizou seu quadro da índia da lenda do Moxuara enquanto aconteciam as apresentações no palco
Mas a arte não ficou restrita ao palco nesta noite. Enquanto a cerimônia acontecia, no pátio uma performance de artes plástica dava o seu recado. O artista Hiago Silva finalizou um quadro representando a índia que, de segundo a lenda do Pássaro de Fogo, se transformou no Monte Moxuara, quando sua paixão por um índio da tribo inimiga da Serra não pode ser concretizada. "O centro cultural veio numa hora certa. A cidade tem se destacado em novos empreendimentos e a cultura não pode ficar de fora. Nós pensamos em arte e cultura também. E as artes plásticas vão participar desse renascimento aqui no Centro Cultural já que o segundo pavimento conta com um espaço que pode abrigar exposições, funcionando como uma galeria", sintetizou.
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Autor da escultura do João Bananeira instalada no pátio do Frei Civitella, Zuilton Ferreira destacou a redescoberta das raízes culturais da cidade
O desejo do jovem artista que milita num ateliê em Cruzeiro do Sul é compartilhado por um mestre veterano, o artista plástico Zuilton Ferreira, morador do bairro Itapemirim. Ele é o autor da imensa escultura do brincante João Bananeira, personagem do carnaval do congo de máscaras de Roda D'Água. Instalada no pátio, a obra dialoga com o complexo fazendo o personagem um verdadeiro guardião do prédio. "O Centro Cultural Frei Civitella chega num momento em que nós, de Cariacica, nos aprofundamos no reconhecimento de nossas raízes e naquilo que nos define. E a cultura não poderia ser deixada de lado", finalizou.