Carnaval de Congo de Máscaras reúne fé, história e cultura

Congueiras da Banda de Santa Izabel levam a imagem de Nossa Senhora da Penha

Congueiras da Banda de Santa Izabel levam a imagem de Nossa Senhora da Penha


"Iaiá, você vai à Penha, me leva ô, me leva! Eu vou tomar capricho, meu bem, vou trabalhar, eu tenho uma promessa a pagar. Essa promessa que eu tenho a pagar, é à Santa Padroeira, ela vai me ajudar..."

A letra tradicional foi entoada com as vozes renovadas para mais um Carnaval de Congo de Máscaras, pelos mestres e congueiros, devotos de Nossa Senhora da Penha, como homenagem à santa. Neste ano, diferente dos demais, as bandas se concentraram na parte alta de Roda D'Água, na Casa Amarela, e de lá saiu a procissão com a imagem de Nossa Senhora à frente deles.


Na sequência, a missa foi comandada pelo padre Carlos Antônio em




O padre Carlos celebrou a missa na frente da sede das Bandas de Congo

O padre Carlos celebrou a missa na frente da sede das Bandas de Congo


frente à sede das bandas. Hinos sacros e os ritos da missa foram acompanhados pelos tambores, triângulos, chocalhos e casacas e compuseram o sincretismo que marca esta festa tipicamente de Cariacica, onde as figuras de Nossa Senhora da Penha e do João Bananeira se destacam.


O padre lembrou durante a missa a importância cultural e histórica das bandas, de origem comunitária. "Por meio dos tambores e da dança o povo negro, nosso povo, conta sua história. Conta a luta contra a escravidão, com canto de agradecimento e de esperança. Vejo a congada como um misto de fé e resistência que nasceu como uma manifestação de afirmação do povo negro e é necessária ser passada às novas gerações", afirmou o pároco.




As gerações da Banda de Santa Izabel

As gerações da Banda de Santa Izabel


Além da manifestação religiosa, a festa também reafirma a cultura de




As gerações da Banda de Santa Izabel

As gerações da Banda de Santa Izabel


um povo. A Banda de Congo de Santa Izabel, anfitriã do Carnaval em Roda D'Água, é uma amostra de que o congo continua passando de geração em geração. Joenyfer Victória (14), Beatriz (10) e a pequena Joice Luize (7), são netas da presidente doo ogrupo, Deuzidete e sobrinhas do mestre Jaedson. Joenyfer conta que desde muito nova participa, antes levada pelo pai e agora, acompanhando a avó e as irmãs. Para ela, essa tradição familiar é importante.


"É como uma coisa de família, todos aqui na banda são assim. Hoje pude ajudar a carregar a santa e depois dançar e cantar com o restante do grupo. Trazer minhas irmãs é muito bom pra que elas conheçam nossa história", comentou a adolescente. Já a pequena Joice é direta no que gosta do congo, "gosto de cantar, dançar e brincar. Acho o João Bananeira legal, bonito e engraçado", conta a porta estandarte da banda.




As professoras Bianca e Camila foram a Roda D'Água para conhecer o Congo de Máscaras

As professoras Bianca e Camila foram a Roda D'Água para conhecer o Congo de Máscaras


Essa tradição também foi motivo de aguçar a curiosidade de quem veio de fora. As professoras Bianca Oliveira de Azevedo (25) e Camila Araujo Gomes (24) estão morando em Cariacica há apenas dois meses. Vindas de São José dos Campos - SP, após passar num processo seletivo para a rede estadual de ensino, se mudaram para Cariacica Sede.


"Gostamos de conhecer culturas diferentes e esse aqui é o caso. É bem diferente e essa união entre o religioso e o tradicional é muito interessante. As máscaras chamam mais a atenção ainda", comentou Bianca logo após passar pelas oficinas de pintura das máscaras. No mesmo espaço conhecer o material disponibilizado pela Prefeitura de Cariacica com a programação do Centro Cultural Frei Civitella, além de informações turísticas dos circuitos Terras Altas e Monte Mochuara.