Casas de matrizes africanas se reúnem no Arraiá da Igualdade Racial
Por Marketing, postado em 21/07/2014
Fotos Lucas Calazans
As bandeirolas espalhadas no evento não deixavam dúvidas de que se tratava de uma tradicional festa julina. Porém, as camisas quadriculadas deram lugar para as batas brancas, enquanto que o chapéu de palha foi substituído pelos ojás, um tecido para cobrir a cabeça. Nas barraquinhas de comida se serviam acarajé e vatapá, em vez da típica canjica ou a carne sol. A sanfona e o triângulo do forró abriram espaço para os atabaques. E foi assim, com essa mistura da festa caipira com os aspectos mais populares da cultura africana que aconteceu, no último sábado (19) o Arraiá da Igualdade Racial.
O evento reuniu em frente à Prefeitura Municipal de Cariacica diversas casas de candomblé e umbanda, além de coletivos que militam na conquista dos direitos para a cultura afrobrasileira. A proposta era aproximar esses grupos e levantar fundos para a criação do Instituto de Matrizes Africanas de Cariacica, como revela o babalorixá e presidente do Fórum de Matrizes Africanas, Sandro d' Jagum. "Estamos dando os primeiros passos para mapear as casas de religião africana no município e colocar em prática os direitos que já conseguimos conquistar. Entre esses direitos estão a isenção de IPTU, como já acontece em templos de outras religiões, e a aposentadoria para pais de santo. A nossa luta é para que os representantes dessas casas comecem a se regularizar, para podermos efetivar essas conquistas", explica.
A ação foi realizada com o apoio da Secretaria Municipal de Cidadania e Trabalho (Semcit), por meio da Gerência de Políticas de Promoção e Igualdade Racial (Geppir). A gerente da Geppir, Adriana Silva, destacou como o município tem se disponibilizado para dar apoio ao Fórum. "Já trabalhamos com a valorização da identidade negra do município com a construção, por exemplo, do grupo de trabalho étnico racial para os professores. Agora, estamos buscando formas de implementar políticas de incentivo para essas comunidades tradicionais. Nosso objetivo agora é de criar o Conselho Municipal e se adequar ao Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas", disse.
Testemunhas
Moradora do município há 30 anos, a aposentada Ivanete da Conceição é integrante do Centro Espírita Reino do Senhor Óxossi da Pedra Branca, em Bandeirantes. Ela conta que a criação do fórum será importante para a diversidade de Cariacica. "A minha religião é uma herança que recebi da minha mãe e é algo que faz parte da identidade da minha família. Algo que me deixa profundamente triste é saber que ainda sofremos discriminação por parte de outras pessoas. Acredito que, com uma melhor organização e articulação, nós poderemos eliminar de uma vez o preconceito com as religiões de matrizes africanas", revela.
O professor Marcos Monteiro, também conhecido como Mestre Jamelão, trouxe para a festa cerca de 30 alunos de capoeira, que vão desde os cinco até os 38 anos de idade. Com um projeto social que ensina a arte marcial a mais de 600 pessoas na Grande Vitória, ele também ressalta a importância da preservação da cultura africana a partir da educação. "Nosso país é um dos maiores do mundo em população de negros mas, ainda assim, o conteúdo ensinado na escola ainda não conta a história do negro do nosso próprio ponto de vista. Toda nossa cultura, nosso folclore e os nossos costumes correm o risco de se perder a cada geração porque esses assuntos não entram nos livros. Um encontro como esse é um passo importante para se construir uma relação mais íntima com o poder público", afirma.
O Arraiá da Igualdade Racial ainda contou com as apresentações do grupo de dança Motumbaxé, que mostrou um pouco do swing baiano, e dos arraiás Abracadabra, de Vila Prudêncio, Raça Junina Capa Preta e Arraiá da Capa Preta, de Vitória.
Confira as fotos do evento:
O evento reuniu em frente à Prefeitura Municipal de Cariacica diversas casas de candomblé e umbanda, além de coletivos que militam na conquista dos direitos para a cultura afrobrasileira. A proposta era aproximar esses grupos e levantar fundos para a criação do Instituto de Matrizes Africanas de Cariacica, como revela o babalorixá e presidente do Fórum de Matrizes Africanas, Sandro d' Jagum. "Estamos dando os primeiros passos para mapear as casas de religião africana no município e colocar em prática os direitos que já conseguimos conquistar. Entre esses direitos estão a isenção de IPTU, como já acontece em templos de outras religiões, e a aposentadoria para pais de santo. A nossa luta é para que os representantes dessas casas comecem a se regularizar, para podermos efetivar essas conquistas", explica.
A ação foi realizada com o apoio da Secretaria Municipal de Cidadania e Trabalho (Semcit), por meio da Gerência de Políticas de Promoção e Igualdade Racial (Geppir). A gerente da Geppir, Adriana Silva, destacou como o município tem se disponibilizado para dar apoio ao Fórum. "Já trabalhamos com a valorização da identidade negra do município com a construção, por exemplo, do grupo de trabalho étnico racial para os professores. Agora, estamos buscando formas de implementar políticas de incentivo para essas comunidades tradicionais. Nosso objetivo agora é de criar o Conselho Municipal e se adequar ao Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas", disse.
Testemunhas
Moradora do município há 30 anos, a aposentada Ivanete da Conceição é integrante do Centro Espírita Reino do Senhor Óxossi da Pedra Branca, em Bandeirantes. Ela conta que a criação do fórum será importante para a diversidade de Cariacica. "A minha religião é uma herança que recebi da minha mãe e é algo que faz parte da identidade da minha família. Algo que me deixa profundamente triste é saber que ainda sofremos discriminação por parte de outras pessoas. Acredito que, com uma melhor organização e articulação, nós poderemos eliminar de uma vez o preconceito com as religiões de matrizes africanas", revela.
O professor Marcos Monteiro, também conhecido como Mestre Jamelão, trouxe para a festa cerca de 30 alunos de capoeira, que vão desde os cinco até os 38 anos de idade. Com um projeto social que ensina a arte marcial a mais de 600 pessoas na Grande Vitória, ele também ressalta a importância da preservação da cultura africana a partir da educação. "Nosso país é um dos maiores do mundo em população de negros mas, ainda assim, o conteúdo ensinado na escola ainda não conta a história do negro do nosso próprio ponto de vista. Toda nossa cultura, nosso folclore e os nossos costumes correm o risco de se perder a cada geração porque esses assuntos não entram nos livros. Um encontro como esse é um passo importante para se construir uma relação mais íntima com o poder público", afirma.
O Arraiá da Igualdade Racial ainda contou com as apresentações do grupo de dança Motumbaxé, que mostrou um pouco do swing baiano, e dos arraiás Abracadabra, de Vila Prudêncio, Raça Junina Capa Preta e Arraiá da Capa Preta, de Vitória.
Confira as fotos do evento: