Cultura entrega certificado aos contemplados pela Lei João Bananeira e demonstra diversidade temática e riqueza cultural do município
Por Marcelo Pereira, postado em 28/07/2019
Fotos Claudio Postay
Vai ter ópera barroca do século XVIII do compositor Giovanni Battista Pergolesi (1710–1736). Também trabalhos de crochê e macramê exaltando a luta feminista de mulheres pelos seus direitos e seu lugar na sociedade. Sem contar uma série de shows de uma banda de rock referência na cidade e que completou 20 anos de estrada. Essa é uma amostra da riqueza temática de inúmeras vertentes culturais contempladas pelo edital de 2019 da Lei João Bananeira, de apoio e incentivo aos artistas da cidade, gerenciada pela Secretaria Municipal de Cultura (Semcult).
Foram 26 projetos aprovados, totalizando recursos na ordem de R$ 487.469,48. Os contemplados participaram da cerimônia de entrega de certificados, feita na noite da última sexta-feira (26), no Centro Cultural Frei Civitella, em Campo Grande. O ato simbólico indica que os recursos já estão disponíveis para que artistas e produtores iniciem seus trabalhos e criações.
Como eles eram os destaques do evento, a programação foi aberta com música e cultura popular. Dois desses contemplados subiram ao palco para dar uma prévia de seus projetos. A cantora e compositora Anna Cintia, apresentou repertório de MPB adiantando como será o espetáculo "Te Fazer Feliz”, beneficiado pela João Bananeira. Interpretou sucessos nacionais e também mostrou canções autorais como a aplaudida “Amor de Verdade”. Em seguida, foi a vez do grupo de capoeira comandado por mestre Jefinho. Criança, adolescentes e jovens mostraram seu talento na ginga, ao adaptar a roda de capoeira ao cotidiano de trabalhadores com suas crenças e sonhos. O projeto contemplado do grupo, “Diamantes na Lama II”, vai continuar a oferecer aulas de capoeira em bairros carentes ao mesmo tempo em que leva a capoeira para um ambiente de teatro.
Destaque no Espírito Santo
"A nossa intenção, enquanto Secretaria Municipal de Cultura, é, numa comparação, dizer a vocês, artistas e produtores culturais, que a lei João Bananeira não deve servir de âncora para um navio parado no porto. Ela deve ser a vela da embarcação, levar vocês a outros mares e horizontes", apontou a secretária de Cultura, Renata Weixter, afirmando que o projeto de cada um que será apresentado com os recursos da Lei não deve ser um fim em si mesmo. "Deverá intensificar um fazer cultural, uma provocação artística, uma mudança no cotidiano da cidade e onde vocês ocupam. Por isso, nossa equipe está a disposição, oferecendo seminários de capacitação e consultorias, para sempre acompanhar os contemplados e impulsioná-los para que busquem também outros editais, criando redes de divulgação e alimentando o mapa cultural de Cariacica", pontuou.
Renata também lembrou que Cariacica se destaca no Espírito Santo por ser, junto com Cachoeiro de Itapemirim, também uma cidade que manteve ativa sua lei de incentivo cultural. Na Grande Vitória, é a única. "Foram 12 editais lançados e contemplamos desde a criação da Lei em 2005. Foram 264 projetos aprovados e cerca de R$ 6 milhões em investimentos. A prova de que o fazer cultural em Cariacica é constante", informou, citando que, desde 2015, o recurso é entregue diretamente ao artista, não precisando que ele faça troca de bônus fiscais junto a empresas, o que agiliza o lançamento dos projetos.
Representando o prefeito Geraldo Luzia de Oliveira Júnior, o Juninho, o vice-prefeito Nilton Basílio reforçou que o posicionamento da atual gestão em relação à cultura é resultado da vontade do prefeito, que já havia ocupado o cargo de secretário de cultura. “A criação da Lei João Bananeira foi algo que se iniciou com ele em um constante diálogo com a classe artística”, destacou, lembrando também que a secretaria de Cultura continua a ter uma pasta própria ao contrário de outras cidades em que foi incorporada a outras secretarias.
Expectativas
Entre os contemplados, a sensação de que o trabalho agora tem que começar já que o recurso está disponível. O integrante da banda de rock Brigida D'la Penha, o suporte de áudio Danilo Deboni, diz que o apoio obtido por meio da Lei João Bananeira prestará um duplo serviço com o projeto “Circulando com a Brígida”. “Iremos apresentar nosso som em palcos pela cidade celebrando esses 20 anos de estrada e faremos uma homenagem póstuma ao Robinho Sarmento, nosso baixista e um dos fundadores”, planeja. A banda, referência no circuito alternativo da Grande Vitória, nasceu em Rosa da Penha.
Já o diretor e ator Anderson Lima teve a circulação de seu espetáculo, “Nem Todos Podem Voar”, garantida pela lei. A peça é uma adaptação do clássico “Peter Pan”, de J.M. Barrie. “Ficamos muito felizes porque só apresentávamos em Vila Velha. Agora, com a lei João Bananeira, poderemos levar a peça para mais gente pois o artista quer mostrar seu trabalho em diferentes lugares e em qualquer tipo de palco, seja num teatro, na escola ou mesmo na rua”, comemora.
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