Espetáculo teatral chamou a atenção do público em Campo Grande

A narrativa da peça "Júlia" é construída junto com o público.FOTO: Semco/Claudio Postay

A narrativa da peça "Júlia" é construída junto com o público.FOTO: Semco/Claudio Postay


Duas figuras maltrapilhas e uma carroça repleta de penduricalhos chamavam a atenção de quem frequenta ou passava pela Praça José Maria Ferreira (pracinha de Campo Grande). As reações eram as mais diversas: uns olhavam desconfiados, outros observavam meio de longe e havia até quem pedisse para tirar uma foto.


O grupo Cirquinho do Revirado (SC) proporcionou uma hora de almoço diferente aos cariaciquenses ao encenar o espetáculo “Júlia”, em plena praça. A montagem do circo, ou do que restou dele após um incêndio, ocorreu diante do público. Era o palco para que a personagem-protagonista, que nomeia a peça, pudesse dançar. “A dança da aleijada”, anunciava Palheta, seu companheiro.


A narrativa se construía com o público presente, que a tudo registrava em fotos ou vídeos com seus aparelhos celulares. Ao apresentar com um crítico exagero o cotidiano de pessoas desprovidas de moradia e que vivem pelas ruas, provocaram reações de nojo e asco diante da precariedade de suas existências.


Júlia, aleijada, não comovia ninguém. Quando abandonada por Palheta, não houve quem a ajudasse. Ao contrário, as pessoas fugiam quando ela se aproximava. A rejeitada ex-artista circense voltou a sorrir apenas quando seu companheiro de vida e de palco retornou. Juntos, apresentaram números lúdicos, como se estivessem num picadeiro.


Numa cadeira de rodas improvisada, feita de carrinho de supermercado, Júlia se locomove pela praça. O fim da história, porém, não foi possível de se desenrolar. A chuva, que ameaçava com idas e vindas, caiu mais forte. Com pedidos de desculpas, os atores Reveraldo Joaquim e Yonara Marques interromperam a encenação. Quem ficou até o final, aplaudiu o trabalho da dupla.


“Estava passando quando vi as pessoas paradas. Achei que eram dois doidos, com cara de mendigos. Fizeram um teatro maneiro”, parabenizou o vendedor Luiz Eduardo Santos.


A peça faz parte da programação do 9º Festival Nacional de Teatro Cidade de Vitória, que, pela primeira vez, estende sua programação a outros municípios. O Festival é uma promoção da Secretaria de Cultura de Vitória (Semc), com realização da Associação Circense Anjos do Picadeiro e Produção da Ratimbum Produções de Artes. A montagem em Cariacica tem o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer (Semcel).




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Texto: Brunella França
Jornalista responsável: Marcelo Pereira