Orquestra Filarmônica do Espírito Santo encanta estudantes da Emef Valdici Alves

A Emef Valdici Alves Baier foi a segunda selecionada no município para receber a Ofes este ano.FOTO:Semco/Lorena Zanon

Com muita atenção e animação, alunos do 6º ao 9º anos, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Valdici Alves Baier, do bairro Areinha, receberam nesta terça-feira (17), a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo (Ofes). De forma bem didática e regendo músicas de compositores clássicos, temas de filmes, desenhos animados e melodias conhecidas, o maestro Leonardo David, que comanda o projeto “Orquestra nos Bairros”, apresentou, inicialmente, todos os instrumentos. A garotada ficou sabendo tudo sobre aos grupos instrumentais que formam o corpo de uma orquestra. Saíram de lá conhecendo a beleza melódica das famílias das cordas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo), das madeiras (flauta, oboé, clarineta, fagote, trompa), dos metais (trompete, trombone, tuba) e da percussão (tímpano, gongo, xilofone).

O concerto contou com momentos interativos com os estudantes. Segundo o regente, no projeto procura-se despertar o interesse dos alunos pelo aprendizado musical. “Acredito que plantamos sementes por onde passamos. É maravilhoso o contato com as crianças. Percebo que trazemos uma realidade mais doce. Uma das componentes da Ofes já foi aluna e conheceu a orquestra numa apresentação em uma escola, dentro deste projeto”, comentou.

Os músicos apresentaram um repertório variado para deixar bem marcante para a jovem plateia interessada a diferença e a funcionalidade de cada instrumento na orquestra. Assim, temas de desenhos animados (como o da Pantera Cor de Rosa e do Pica-Pau) e de filmes (como os de Indiana Jones) dividiram espaço com canções da música popular. Entre elas, o baião com “Asa Branca” (eternizada na voz de Gonzagão), as composições de Roberto Carlos e os sucessos do cantor sertanejo Gustavo Lima. A plateia de estudantes se envolveu, acompanhando o concerto, com muita alegria e atenção, não deixando de aplaudir. Em meio a tanta diversidade, a música clássica não foi esquecida. A Ofes incluiu composições de Beethoven e Mozart.

Impressões

O maestro não teve muita dificuldade em explicar a função de instrumentos de música erudita na Emef Valdici. É que lá, por causa de uma orquestra local, há uma ligação constante entre os estudantes e a música clássica. Caso do aluno do 7º ano, Christian Symon, 12 anos (da esquerda). Ele estava bem familiarizado com a apresentação e por um bom motivo: ele participa da orquestra da escola desde os nove anos e toca viola clássica. “Comecei tocando violino e, hoje, toco viola. Os dois são bem parecidos, mas o último tem um som mais grave”, comparou. Seu amigo, Denilson Andrade, 13, participa do mesmo grupo e também toca viola. “Eu gosto muito de música clássica. Já tinha assistido a Ofes outras vezes, no teatro Carlos Gomes, em Vitória”, afirmou.

A música é o elo de ligação entre alguns estudantes e a Emef, mesmo depois de terminarem o ensino fundamental. Exemplo do Fillipe Silva do Nascimento, 15 anos, que foi aluno da escola Valdici, entrou na orquestra em 2011 e, até hoje, ainda faz parte, mesmo matriculado em outro colégio. “Não estudo mais aqui, mas ainda faço parte da orquestra da Emef Valdici. Toco violino e acho muito bom a escola incentivar o gosto pela música. Dessa forma, muitos alunos saem das ruas”, afirmou.

A Emef Valdici Alves Baier, segunda selecionada no município para receber a Ofes este ano, não foi escolhida à toa. Nela, a música faz parte das atividades corriqueiras da escola. Hoje, existem uma banda marcial composta por 40 alunos, uma orquestra com 28 estudantes e um coral, onde cantam 50 pessoas. A diretora, Nara Fonseca Calmon, 48, disse ter sido insistente nos convites feitos à Filarmônica. “Esse projeto é de uma importância imensa para a vida social e formação cultural de nossos alunos. A música ensina parceria, respeito e entrosamento. Tudo isso é muito bem visto pela comunidade, que tem orgulho de matricular seus filhos por conta da socialização interna que a escola proporciona com a música”, apontou.

Ao todo, a escola tem 964 alunos, incluindo os do turno noturno, que fazem parte da Educação de Jovens e Adultos (EJA). E o maior desejo de Mara é conseguir mais instrumentos para favorecer um número maior de alunos com a música.

A orquestra surgiu na escola a partir do incentivo do pianista e maestro, João Carlos Martins, em formar mil orquestras de câmara pelo Brasil, realizando o maior projeto de música clássica já realizado no país. E, desde 2011, a Emef Valdici faz parte desse montante. O trabalho do maestro resume a vontade de levar a música de qualidade a bairros simples e marginalizados. No município, no primeiro momento, o projeto teve convênio da ArcelorMittal Cariacica e da secretaria de Educação (Seme). Atualmente, o convênio é firmado com o Sest/Senat, que traz os instrumentos para os alunos, e os professores são músicos da própria Ofes.

Orquestras nos Bairros

O projeto Orquestra nos Bairros é uma ação do programa Cultura Presente, do Governo do Estado, braço cultural que insere o programa Estado Presente que tem por objetivo reduzir a violência e a criminalidade em comunidades e municípios capixabas por meio de iniciativas integradas de diversas secretarias de Estado. Além do “Orquestra nos Bairros”, fazem parte do Cultura Presente ações de formação audiovisual e música desenvolvida pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) em parceria com outras secretarias de Estado e com a iniciativa privada.

Informações Adicionais:
Texto: Lorena Zanon
Jornalista responsável: Marcelo Pereira