Unesco e Ministério da Educação lançam projeto piloto nas escolas de Cariacica

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Cristina Trinidad (de jaqueta cinza) e Ilma de Jesus (de vestido verde) vieram acompanhar o lançamento do projeto Teaching Respect for All



Ensinar o respeito a todos. Este é o lema da campanha mundial Teaching Respect for All, que desenvolve um projeto piloto em Cariacica com um novo material de ensino, destacando o respeito às diversidades sexuais e raciais dos alunos. A realização é da  Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em parceria com o Ministério da Educação (Mec) e da Secretaria Municipal de Educação (Seme). Nesta quarta (13), representantes da Unesco e do Mec visitaram algumas escolas do município para lançar a campanha.

A primeira fase do projeto começou em 2012, com a elaboração de conteúdo pedagógico direcionado para professores e gestores da Educação Básica. Nesta segunda etapa, o material será testado em apenas dois municípios do Brasil: Cariacica e São Francisco do Congo, na Bahia.

A oficial de projetos de Educação da Unesco, Cristina Trinidad, ressalta que o Teaching Respect for All buscou acrescentar esforços em cidades em que o respeito às diversidades já vinha sendo trabalhado. "Procuramos Cariacica pela identidade do município com a cultura africana e pelas ações de combate à discriminação racial dentro das escolas, por meio da formação dos professores. Nós propusemos uma parceria e agora vamos implementar um guia para os educadores, com algumas das determinações desenvolvidas por acadêmicos de todo o mundo", explica.

Quem também veio acompanhar a implementação do projeto foi a coordenadora geral de Educação para Relações Étnico Raciais do Mec, Ilma de Jesus. Ela contou como irá funcionar a formação dos educadores. "Já existe uma parceria entre as universidades federais para oferecer cursos adicionais para professores do ensino infantil, fundamental e médio. Esta ação além de atender a Lei 10.639, que obriga a inclusão da história africana nas escolas, também irá debater as questões de liberdade sexual, de acesso a deficientes e também contra a prática do bullying. No ano passado foram mais de 50 mil professores inscritos no país, o que representa um bom número para um processo que está começando", revela.

Escola destaca a preocupação em valorizar cultura negra

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Felipe Almeida e Daysiane Nunes destacam a importância de se valorizar a cultura negra



Uma das unidades visitadas pelas representantes do projeto foi a Escola Municipal de Educação Fundamental (Emef) Martim Lutero, em Flexal II. Lá, elas conheceram a professora de português Gisele Follador e o diretor Cisenando dos Santos. Os dois participam do Grupo de Trabalho (GT) de Educação Étnico-Racial, onde são discutidas formas de valorizar a cultura negra dentro de sala de aula. "Grande parte dos alunos da nossa escola são afro-brasileiros, por isso, consideramos importante mostrar para eles a riqueza cultural africana e a valorização da cor como uma forma de levantar a auto estima dessas crianças. Já estamos organizando uma parceria com uma empresa para a Semana da Beleza Negra, mostrando o charme dos cachos e dos penteados afro", conta Gisele.

Durante esta semana, os alunos enfeitaram as paredes da escola com cartazes destacando a cultura e a história africana. Além da visita do Mec e da Unesco, eles também receberam o grupo Alabê Oni, do Rio Grande do Sul, que destaca a tradição quilombola do estado gaúcho. Quem entrou no ritmo dos tambores de supapo da banda foram os alunos Daysiane Nunes e Felipe Almeira, ambos com 14 anos. "Todo brasileiro tem um pouco da África no sangue, por isso é importante entender melhor a história do povo africano e ver como ainda temos tanto em comum, mesmo com todo esse choque cultural que é a formação do Brasil", revela Almeida.

Sociólogo paulista dá a primeira palestra do projeto

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O sociólogo Valter Silvério (Ufscar) foi quem coordenou a edição brasileira da coleção História Geral da África, publicada pela Unesco



Na noite desta quarta (13), o professor de sociologia da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), Valter Roberto Silvério, realizou uma palestra para os educadores do município. Foi ele  quem coordenou a edição brasileira da coleção História Geral da África, lançada em 2010 pela Unesco. A obra conta em oito volumes todos os aspectos de estados, crenças e culturas africanas que foram suprimidas ao se ensinar nas escolas uma versão eurocêntrica do continente. “Por muito tempo, a história africana foi ensinada a partir da época da escravidão. O que havia antes desse período e como viviam as pessoas antes dos europeus chegarem à África não era mostrado a fundo”, explica o professor. O objetivo agora é realizar o nono volume, incluindo os aspectos da diáspora africana e como esses povos se estabeleceram em outras regiões.

 

Confira algumas imagens da visita: