Conferência de Meio Ambiente indica potencial socioeconômico no tratamento de resíduos sólidos
Por Marketing, postado em 05/08/2013
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Política Nacional de Resíduos Sólidos norteia discussões na Conferência Ambiental de Cariacica.FOTO: Semco/Claudio Postay
Um município com necessidades sociais e dificuldades de destinar corretamente seus resíduos. Este foi o retrato de Cariacica que a promotora de Justiça Estadual Isabela de Deus Cordeiro fez na palestra de abertura da 1ª Conferência de Meio Ambiente de Cariacica, na sexta-feira (2). Porém, não é isso que será levado à Conferência Estadual de Meio Ambiente no documento final, mas sim a oportunidade deste panorama se tornar desenvolvimento social para o município.
Balizada pela segunda palestrante da noite, a coordenadora do Instituto Ideas, Tereza Cristina Romero, a promotora discursou sobre a necessidade de aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) imediatamente e que, para isto ser possível, é imperativo que a sociedade por completo perceba sua responsabilidade. A promotora falou da gravidade dos números que circundam este setor no mundo.
Com a população produzindo a média de 1 quilo de lixo por pessoa a cada dia, em 2030, quando a previsão da população mundial é de 9 bilhões de pessoas, serão produzidos cerca de 9 milhões de toneladas de lixo/dia.
O que Cariacica deve fazer? “Um município que tem tantos moradores beneficiários de programas assistencialistas, como o Bolsa Família, tem que enxergar o potencial de investir nos resíduos sólidos como geradores de renda. Muitas pessoas poderiam mudar de vida com a separação de resíduos”, sugeriu Isabela Cordeiro.
O secretário de Meio Ambiente, Renan De Nardi De Crignis lembrou que esta é a primeira vez que se promove uma conferência no município e que este passo demonstra a preocupação da administração com o tema. “Estamos atentos a estes pontos e posso afirmar que Cariacica pretende se alinhar à PNRS. Com a valorização de nossos técnicos que pudemos promover recentemente, a equipe toda está empenhada nisto”, falou o secretário.
Educar para a sustentabilidade
A promotora acredita que a educação ambiental também é um grande entrave na sociedade. Não apenas quanto à falta de reaproveitamento de matérias, mas na própria deposição em locais errados e criação de lixões clandestinos.
Este foi apenas o primeiro ponto abordado por Cordeiro, que também fez questão de lembrar o papel que o poder público tem na hora de fomentar a educação ambiental, além dos investimentos nas associações de catadores.
Esta também é a visão da representante do Instituto Ideas. Tereza Cristina explorou a PNRS pelo lado da logística reversa. “Uma coisa complementa a outra. Com uma sociedade educada e sabedora das responsabilidades, precisaremos também que as empresas se desenvolvam em torno deste pensamento. Hoje já se faz algo, mas ainda pequeno. É preciso intensificar esse trabalho”, disse.
Professora da rede pública estadual e municipal em Cariacica, Rute Cristina de Queiroz Costa participou da conferência em Cariacica, assim como havia feito em Vila Vela, e acha importante a participação massiva da sociedade diante deste assunto. Para ela, que replica com seus alunos os conhecimentos ambientais que acumula como militante, a discussão sobre educação ambiental deve mais ampla do que dentro das salas de aula.
“Não adianta quererem mudar a consciência das pessoas de dentro da sala de aula para fora. A educação das crianças tem importância, mas ela deve fazer parte de com conjunto. Os movimentos comunitários precisam participar e levar sua representatividade junto aos moradores. É um trabalho de formiguinha, mas que precisa ser feito já”, analisou.
Estas posições constarão no relatório final da Conferência, que será finalizado nesta terça-feira (6) e encaminhado para a organização da Conferência Estadual de Meio Ambiente.
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Texto: Marlon Marques
Jornalista responsável: Brunella França