NOTÍCIAS

Busca
news

Clima de cidade do interior para Cariacica Sede na primeira noite do Fest Viola

Um clima de cidade do interior com trilha sonora fiel à vida simples da roça. Foi o cenário em que se transformou Cariacica Sede na primeira noite do 2º Fest Viola - Festival Nacional de Viola de Cariacica, nesta sexta (2). O evento, realizado pela Prefeitura de Cariacica, reuniu oficinas musicais, mostra competitiva, pocket shows nos bares do entorno da praça Marechal Deodoro e shows no palco principal com o Grupo Moxuara e a dupla de violeiros André Matos e Beto Calil, de Afonso Cláudio. A chuva, que caiu forte em outras regiões da cidade, foi bem amena na região, deixando um clima aconchegante de inverno em pleno dezembro. Quem foi não arredou o pé da praça e aprovou o que viu. A noite começou com duplas sertanejas ocupando os bares e botequins e apresentando moda de viola bem pertinho do público. "Essa ideia foi ótima. Parece que a gente está lá numa cidadezinha pequena, daquelas do campo. Vou trazer minha mãe aqui amanhã", planejou a administradora Márcia Rosa, moradora de Porto de Santana, enquanto acompanhava a apresentação dos Irmãos Brambila, dupla de Venda Nova do Imigrante, num bar. Mostra Competitiva O público acompanhou atento a mostra competitiva, que vai eleger o melhor violeiro com um prêmio em dinheiro no valor de R$ 2 mil para o primeiro lugar. A dupla Os Dois Violeiros, de Campo Grande (MS), deu o pontapé inicial. Eles emocionaram a plateia com "As Estrelas de Santa Maria", fazendo memória à tragédia da boate Kiss em 2013, quando 242 pessoas (a maioria jovens) morreram no incêndio na casa noturna da cidade gaúcha de Santa Maria. Também concorrem com "Cheiro de Gado". As Gêmeas, de Vila Velha, reverenciaram a vida no interior com "Infância na Roça". Os Irmãos Brambila competiram com "Resposta Atiradora de Elite", animando a multidão. O violeiro Carlinhos, de Muniz Freire, criticou a onda de sertanejo universitário longe das verdadeiras raízes com a canção "Não Venha Dizer que É Sertanejo". De Fundão, os violeiros Mineirinho e Gabriel apresentaram "Bom de Briga". Já Lukas e Juliano, da Serra, abordaram a memória afetiva de quem viveu na roça com "Minha Infância". A dupla de Cariacica, Sena e Silva, concorreram com "Amanhecer no Sertão" e "Saudades de Ecoporanga". Porém, quem subiu ao palco foi Silva pois seu companheiro de viola havia sido internado naquela tarde ao sofrer um AVC. Quem encerrou a mostra da primeira noite foi Rafael Félix, de Muniz Freire, com "Senhora do Sertão". Moxuara canta e encanta Já passava das 23h quando o Grupo Moxuara subiu ao palco principal abrindo os trabalhos. O vocalista e líder da banda, Flávio Vezzoni deu o recado, agradecendo pela convite, pela presença do público e pelo festival que destacava os ritmos regionais. O grupo comemorou 25 anos de estrada, apresentando canções tendo a viola como carro-chefe e destacando baião e até congo. O público correspondeu e cantou junto. O hit do grupo "Prata de Estrela" animou e levou o público a improvisar um forró. A noite terminou com os cantores André Matos e Beto Calil, de Afonso Cláudio, numa levada mais tradicional, típica da música caipira. Público aprova O festival que privilegiou o sertanejo de raiz era só elogios a quem prestigiou os artistas. O coordenador de projetos Cláudio Henrique, 29 anos, e a representante comercial Josy Steiner, 29, moradores de Cariacica Sede, mudaram a agenda de fim de semana. O casal costuma ir para Santa Leopoldina. "Temos um sítio por lá onde sempre acontecem moda de viola. Mas, por causa do festival, as modas vieram até a gente e vamos ficar por aqui", comemorou Josy. Henrique acrescentou que o evento dá espaço a um estilo que continua firme e com produção mas que não tem muito destaque na grande mídia. "É uma música que traz aquela calma típica de cidade do interior, o jeito simples da gente encarar e levar a vida", sintetizou. "Além disso, o festival também promove uma ocupação muito bonita aqui na praça, colocando cultura com arte de qualidade ao alcance de todos", completou a esposa. Morador de Campo Grande e fã do Moxuara, o policial militar Jônatas Cardozo, 27, ficou sabendo pela TV sobre o 2º Fest Viola e se dirigiu para Cariacica Sede. "O projeto de levar cultura tendo a música sertaneja de raiz como tema principal é ótimo porque esse ritmo está na alma brasileira e merece ter muito mais destaque", elogiou. Ele trouxe o pai, o aposentado Jonas Cardozo, 68. Admirador da música sertaneja, o pai do rapaz frisou a diferença: "O que se diz sertanejo e aparece mais na televisão anda muito longe da roça. Prefiro mais o tradicional". Já o morador de Vila Merlo, o mecânico Lucas Daniel, 21, estava vestido à caráter para um festival de viola. Camisa xadrez, chapéu de boiadeiro, fivela em destaque, ele gosta do sertanejo tradicional por evocar uma vida mais simples. "São músicas que nos fazem dar uma pausa que é a loucura da cidade grande, onde correria e violência estão sempre no nosso dia-a-dia. Fazem a gente pegar o caminho da roça", resumiu. O festival continua neste sábado com atrações de Minas Gerais: a dupla Paraná e Piazinho e a atração nacional, o cantor e violeiro Pereira da Viola.   Veja mais momentos dessa primeira noite na galeria de fotos abaixo.