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Alunos resgatam cultura afro-brasileira com a visita de escritor angolano

As semelhanças entre Brasil e Angola foram o tema da apresentação realizada pelos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Oliveira Castro, em Itaquari, na noite da quinta-feira (7). Atividades de dança, música e literatura fizeram parte das ações que marcaram a visita do escritor e militar angolano Augusto Alfredo. A visita do jornalista angolano faz parte de um projeto  de intercâmbio cultural. A proposta é chamar a atenção dos alunos para a preservação da identidade brasileira que ainda guarda heranças da cultura afro. Por isso, além da Emef de Itaquari, Augusto Alfredo também esteve na Escola de Campo, na área rural de Cariacica. A presença do escritor na Escola Oliveira Castro estimulou a comunidade acadêmica da escola a realização do projeto interdisciplinar Todos temos dentro de nós um africano envolvendo as turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em atividades variadas, os alunos puderam conhecer mais do contexto histórico e cultural da África, e a evolução do país angolano, que completa quatro décadas de independência. Assim que receberam a edição do livro Angola 40 anos: Memórias de um repórter, e foram comunicados da vinda do representante angolano, há pouco mais de um mês, a escola promoveu um intensivo de atividades, tendo a obra como norte. A iniciativa coordenada pelos professores da escola, Poliana Coan, da disciplina Língua Portuguesa, José Augusto Tononi Junior, de Geografia, e Roseli Costa Ribeiro, do módulo Educação Artística, recuperou elementos da linguagem, do comportamento, da arte e identidade africana. “O projeto permitiu os alunos conhecerem mais sobre novas culturas e outros costumes. Conseguimos perceber como somos próximos da África, como temos coisas em comum. É uma oportunidade de valorizar e reconhecer a identidade africana que nos reservou muitas heranças, como o ritmo contagiante do samba, pratos da nossa culinária e inúmeras palavras do nosso vocabulário”, contou Poliana. A professora de Português ainda pontuou que o projeto permitiu ampliar o debate do preconceito, temática já prevista no currículo escolar do município. Para Ana Tinoco, da coordenação dos trabalhos em Direitos Humanos da Secretaria de Educação (Seme), a visita do representante angolano é uma oportunidade para aproximar as culturas, além de contribuir com a autoafirmação dos negros, fortalecendo a luta racial. “Dentre os objetivos da visita está a aproximação com a história africana e estreitamento dos laços com essa cultura. As trocas culturais ocorridas por vários séculos contribuíram para a construção de uma cultura bastante rica”, contou. Como ápice das atrações do projeto, a palestra com o jornalista e militar Augusto Alfredo. O adido de defesa junto a Embaixada de Angola no Brasil relatou experiências da sua infância e juventude na época dos conflitos inerentes à guerra e as marcas deixadas no país. “Tenho orgulho em, hoje, realizar a comunicação do meu país com o Brasil, que preserva raízes da cultura africana e, da capacidade de superação do povo sofrido angolano, assim como os brasileiros", explicou. Na solenidade de apresentação do livro do diplomata, os alunos apresentaram os trabalhos desenvolvidos em sala de aula. Ainda teve a participação de alguns passistas da Escola de Samba Boa Vista, demonstrando a riqueza cultual do município e a diversidade de ritmos do país. O diplomata angolano também visitou a Escola do Campo, na comunidade de Roda D’Água, e ainda apresentou um pouco da história de seu país para alunos do matutino da Emef Oliveira Castro. O jornalista ficou encantado com o trabalho desenvolvido na Escola de Campo e antecipou que deseja voltar ao município. “A experiência desenvolvida na escola me fez lembrar a minha época, pois também vivia na zona rural, o esforço para quem desejava buscar algo a mais. Pretendo desenvolver um trabalho como este no meu país. Se tiver oportunidade, quero voltar ao município e conhecer outras experiências como esta”, completou.