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Aumenta número de casos de gravidez na adolescência

Neste mês de março, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, preparamos para você uma série de reportagens especialmente voltadas para o público feminino. São matérias que terão como tema a saúde. A cada semana um assunto que faz parte do universo das mulheres será postado no site. Nesta terceira semana, falaremos sobre gravidez na adolescência. Boa leitura! Vinte e cinco por cento das mulheres que engravidam no país são adolescentes com menos de 19 anos. Os números alarmantes são do Ministério da Saúde que já considera a gestação precoce uma epidemia. Nos quartos da Maternidade de Cariacica esse cenário não é diferente, pois 40% das gestantes que dão à luz no hospital são adolescentes entre 10 e 19 anos. Algumas meninas engravidam na primeira menstruação. Ser mãe tão jovem pode ser perigoso, pois a gravidez na adolescência é considerada de alto risco. Daí a importância indiscutível do pré-natal para se evitar complicações durante a gestação e o parto. De acordo com o diretor da Maternidade de Cariacica, o ginecologista Eduardo Pereira Soares, a incidência de hipertensão – doença frequente na gravidez – é cinco vezes maior nas adolescentes. As meninas também são mais propensas a ter anemia, aliás, muitas já estão anêmicas quando engravidam e têm o problema agravado durante a gestação o que aumenta o risco de bebês prematuros, com peso menor e a necessidade de cesáreas. É o caso de I.C.C., 14 anos, há quinze dias foi submetida a uma cesárea para que Victor viesse ao mundo. “Cheguei ao hospital às 7 horas da manhã e às 21h ele nasceu”, explica a menina cheia de orgulho. Ela conta que começou a namorar o pai do bebê aos 12 anos e, nas primeiras relações sexuais do casal, engravidou. “Terminamos. Não deu certo”, resume sob o olhar atento da mãe R.C.S., 36. R.C.S. ainda não sabe direito como será a vida depois que a filha sair da maternidade. Ela é faxineira e o dinheiro é pouco para sustentar I., o neto e mais dois filhos de 11 e 15 anos. “Pensei expulsá-la de casa, mas de nada adiantaria. O que me resta agora é criar”, desabafa a avó de Victor. Novos papéis R., assim como I., faz parte do grupo de mulheres que está aprendendo a lidar com novos papéis: sua filha é mãe e, ela, avó. “Às vezes, essas avós acabam assumindo o papel das mães e, por isso, talvez tenha aumentado o índice de reincidência de gravidezes na adolescência”, explica Eduardo Soares. Para ele, uma menina só engravida de novo porque considera fácil cuidar de um bebê, o que está longe de ser verdade. Segundo o médico, existe uma série de fatores que poderiam contribuir para o aumento da incidência de gestantes adolescentes. O baixo nível socioeconômico é um deles porque, algumas vezes, a gravidez representa oportunidade de ascensão social. Entram nessa lista também: a falta de perspectiva, o desejo de sair de casa, a questão cultural e a desestruturação familiar. Apesar da pouca idade, engana-se quem pensa que as adolescentes engravidam por falta de informação. A maioria sabe que, se tiver uma relação sexual sem os cuidados necessários, pode engravidar. Dados do Ministério da Saúde indicam que 92% delas conhecem pelo menos um método contraceptivo, como por exemplo o preservativo. “Não queria engravidar agora. Por isso sempre me cuidei. Tomava pílula, mas comecei a passar mal com o anticoncepcional. Daí, comecei a usar camisinha só que tenho alergia ao látex. Por fim, iria começar a usar contraceptivo por injeção, mas fiquei grávida antes disso”, a afirmação é de K.R.S., 18 anos. No momento que nos dá entrevista, a menina choraminga por causa das dores das contrações e jura que nunca mais terá outro bebê. “Estou há três dias sem dormir”, relata. Ela conta que, depois que engravidou, o namorado a traiu e, por isso, colocou um ponto final no relacionamento. Nova gestação O ginecologista Eduardo Soares afirma que a história de K. é uma das muitas semelhantes que ouve em seu dia a dia. “No momento da dor, elas falam que vão evitar novas gestações, mas sabemos que isso não acontece. Geralmente o intervalo é de menos de dois anos entre a primeira relação e a gravidez”, lamenta o médico. Ele faz questão de frisar que não é a desinformação que leva à gravidez na adolescência, pois hoje, não há menina que não saiba que pode engravidar, mas todas imaginam que isso só acontece com as outras e não com elas. Para orientar e amparar essas adolescentes, a Prefeitura desenvolve o Programa Saúde do Adolescente. Ele funciona assim: as unidades de saúde de referência do município estão preparadas para atender meninas que queiram mais informações ou mesmo uma consulta, com o pediatra ou o ginecologista, para esclarecer dúvidas ou solicitar exames. Além disso, técnicos da área da saúde visitam escolas dando palestras sobre temas que abordam a sexualidade. “A adolescente costuma, nesses momentos, estar bastante insegura. Por isso trabalhamos com acolhimento e diálogo”, afirma a técnica do Programa Saúde do Adolescente, Erika Saiter Garrocha. Leia também: Pré-natal: gestação saudável para mamãe e bebê Prevenção na luta contra câncer de mama e cólo de útero