Creche em Alice Coutinho, agora, é sinônimo de segurança

Em 2010 a história de muitas famílias mudou no bairro Alice Coutinho, em Cariacica. Após um acidente, com queda da cobertura do Centro Municipal de Educação Infantil Amélia Virgínia, o local que era sinônimo de orgulho se transformou em tristeza marcada pelo óbito de duas crianças. Cinco anos depois, a comunidade começa a reocupar a nova escola, mais ampla, mais segura e mais confortável. A tristeza ainda guardada se transforma em esperança e orgulho de um ensino com qualidade que os filhos de cada um ali merece. Na manhã desta sexta (19) a Prefeitura de Cariacica organizou o início da ocupação do local, com visita dos moradores às instalações e rua de lazer durante a manhã e tarde, em frente à unidade. A intenção é promover a reaproximação das pessoas com a escola que atenderá seus filhos, passando a percepção de participação na reconstrução da escola. Ainda restam alguns detalhes de acabamento e mobília para a conclusão da obra, e levar a população antecipadamente foi intencional. “Por tudo o que aconteceu aqui, que nos marcou, não poderíamos fazer uma inauguração como qualquer outra. A entrada na escola, mesmo sem terminá-la 100%, é para que cada um veja a obra ainda em andamento e sinta que está participando do processo”, comentou o prefeito Juninho. A nova estrutura irá ampliar a capacidade da escola das atuais 80 vagas para 400. A estrutura conta com 10 salas de aula, sala multiuso e setor administrativo climatizados, espaço de convivência, local para merenda e conzinha completa, que darão novamente condições dignas de ensino aos alunos da comunidade. Atualmente os 80 alunos de 4 e 5 anos estudam em módulos de container provisórios em espaço cedido pela Escola Municipal de Ensino Fundamental Valdice Alves Baier. A nova unidade terá lugar para eles e outros 320 alunos, ampliando a oferta para crianças de 1 a 5 anos. Sara de Jesus Samora da Costa é artesã e tem 42 anos. Moradora de Alice Coutinho há 15 anos, conta que viu de tudo ali, inclusive morou em barracas de lona no início da ocupação do terreno. Mas o que mais marcou sua vida foi a tragédia na escola. Ela é avó de Ryan, de 2 anos, que estudará no novo prédio novo e começa a ver a construção com outros olhos. “Hoje estou feliz mas cheguei a pensar que nunca veria esta obra de pé novamente. Agora vemos que é verdade, que a hora dessas crianças chegou. Lara, minha neta, já estuda hoje nos módulos e adora os professores. Fico feliz, mas queria ver logo eles lá dentro”, emendou. Luziana Rocha Pina Pedro, de 48 anos, trabalha no ensino fundamental de Cariacica há 32 anos. Ela é professora do Cmei Amélia Virgínia e estava na unidade quando ocorreu o acidente, há cinco anos. “Tivemos momentos maravilhosos nesta escola, muita coisa boa e feliz. Mas veio a queda do telhado e interrompeu este processo. Hoje ainda me emociono ao lembrar tudo, mas principalmente ao ver essa obra bonita que está no lugar. É muito bom trabalhar com estas crianças e agora elas terão o conforto que merecem”, contou Luiziana. Fabiana de Azevedo Bonjardim (44) e seu marido Carlos Bonjardim (44) foram conferir de perto a ocupação da renovada escola. Fabiana conta que seu filho mais velho estudou na escola e que hoje a caçula Iasmim, 5 anos, frequenta as aulas na estrutura improvisada. Para ela o sentimento era de tristeza e alegria. “Acho que o sentimento de pesar pelas famílias que perderam seus filhos continua, mas hoje alcançamos o que é de direito de cada família aqui. Começaremos a construir uma nova história daqui para frente”, comentou. Outra testemunha da tragédia é dona Ivani Dizionlina Gomes da Silva. Ela é a responsável pela distribuição das merendas da escola e viveu de perto a tragédia. Mas agora ela não quer saber de tristeza mais. “Olha, ajudei a limpar a escola no dia seguinte ao ocorrido. Até arrepio de tentar lembrar. Depois passei muito tempo sem conseguir entrar novamente ali, pois as imagens vinham à cabeça. Mas hoje estou em clima de comemoração e acho que a esperança está nos olhos dos pais e alunos que vão encher esta escola. Vou trabalhar aqui com mais carinho ainda”, comentou. Leia também: Cariacica comemora 125 anos com responsabilidade e olhar para o futuro Mais três escolas entregues à população de Cariacica   Festa de Cariacica: muitos motivos para comemorar a cidade  Prefeitura de Cariacica assume iluminação do Contorno Cariacica: vocação natural para as bandas escolares   Mais uma obra de arte entregue com recursos da Lei João Bananeira