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Dia Municipal da Juventude é celebrado com rap, funk, rock e cinema

O centro de Campo Grande estava mais movimentado do que já é de costume, na noite deste sábado (20). A principal praça do bairro, coração de um dos principais centros econômicos de Cariacica,  foi tomada pela juventude do município. MCs, dançarinos,  DJs, cineclubistas, rappers e bandas de rock se apresentaram em um evento em comemoração ao Dia Municipal da Juventude, instituído desde 2005, no dia 21 de setembro. O objetivo da celebração foi chamar a atenção para a diversidade da produção cultural produzida pelos jovens. A realização foi da Gerência de Juventude, lotada na Secretaria Municipal de Cidadania e Trabalho (Semcit). A festa começou no fim da tarde, com a apresentação do grupo de rap gospel Ministério Sacerdotes da Luz, do bairro Dom Bosco. Formado pelo beatmaker Claudio Machado, o vocalista Jonathan Pereira e sua filha de sete anos, Emilly Pereira, o trio cantou canções de adoração a Deus e a superação de vida. Jonathan contou que foi usuário de drogas por 18 anos e, há dois, se converteu em uma igreja evangélica. "Percebi que aquilo estava me afastando da minha família. Vi na igreja e na música o refúgio para me libertar do vício. Comecei a escrever minhas letras e, conforme ensaiava, minha filha ia aprendendo a cantar também. Até que um dia assistimos a um show onde pai e filha se apresentavam juntos. Ela me pediu para fazer parte da banda e passamos a fazer os shows. Foi uma grande mudança na minha vida. Hoje sou um homem mais feliz", revela. Em seguida, a praça José Maria Ferreira, como é oficialmente chamada, transformou-se em um grande baile. Cantores de funk do bairro Aparecida subiram ao palco e mostraram todo o ritmo cativante da periferia. Eles levaram para o público composições próprias que variavam desde o funk ostentação até letras mais profundas sobre a situação de sua comunidade. Todos os MCs presentes faziam parte do grupo Movimento Funk Capixaba (MFC), criado no próprio "B.A.", como denominam o bairro Aparecida. Inaugurado há um ano, o MFC funciona como uma oficina de rima e é liderado por Fábio Souza, o MC Sapão, e sua esposa, Rosana Gomes, a MC Rosana Morena. "Passei 23 anos da minha vida me dedicando ao funk e resolvi compartilhar minhas experiências. Comecei a chamar alguns jovens que estavam na rua para ensinar o que sabia. Alguns optaram pela dança e os populares 'passinhos', outros se tornaram DJs, mas a maioria quis cantar como um verdadeiro MC. Mesmo com todo o preconceito que existe no funk, por ser um estilo criado dentro da periferia, hoje atendemos 47 adolescentes. Nossa maior alegria é saber que muitos deles deixaram o tráfico de drogas para se dedicar exclusivamente à música", explica Sapão. Um dos talentos criados dentro do projeto é o Mc Chapolin, que fora do palco atende pelo nome de Estevão Limas. O jovem de 28 anos afirma que sempre teve vontade de cantar, mas nunca havia tido uma oportunidade. "Eu recebi o convite do Sapão e resolvi aceitar. Não acreditei quando terminei minha primeira música, não sabia que eu teria capacidade para escrever um som como o que escrevi. Hoje estou mais satisfeito com meu próprio trabalho", revela. Além das orientações nas canções, o MFC oferece vagas de emprego e cursos profissionalizantes aos membros do grupo, graças a uma parceria com a Semcit. "Eu sempre digo a eles, se você gosta do funk ostentação, você precisa de um emprego para dizer tudo aquilo que está cantando. Por isso, o trabalho é tão essencial", destaca Sapão. Após o "baile", foi a vez do Cineclube Colorado mostrar o curta "Sinal Vermelho", um documentário produzido pela cariaciquense Cristina Margon, que recebeu até uma menção honrosa no 20º Vitória Cine Vídeo. O filme conta as histórias de artistas de rua que se apresentam pelos semáforos da Grande Vitória. Criado há cinco anos, o cineclube se encontra em quintas-feiras alternadas no popular Bar do Pantera, em Campo Grande. O nome do grupo faz referência ao primeiro cinema de Cariacica, que funcionava em Campo Grande e foi o responsável pela paixão de muitos moradores pela sétima arte. "Nosso objetivo é exibir filmes e curtas que não passam dentro das salas comerciais e colocar suas temáticas em discussão após as sessões", ressalta Juliana Gama, integrante do grupo. Quem quiser conhecer mais o Cineclube Colorado pode procurar pela página deles no Facebook. Nos dias 14 e 15 de novembro eles realizam a 2º Mostra de Filmes Colorado, que serão escolhidos por júri popular. A próxima sessão já está marcada e acontece no próximo dia 2, às 20h30, no Bar do Pantera. Por volta das 21h, o bom e velho rock and roll passou a ecoar pela praça. A banda Scalenos mostrou suas composições, que em breve devem estar em seu primeiro álbum, chamado "Até o fim". O vocalista do grupo, Max dos Santos, se mostrou contente por tocar em um lugar que esteve tão presente em seu cotidiano. "É uma energia bem diferente tocar aqui na pracinha. Passamos aqui todo dia para ir trabalhar, para nos divertir durante à noite e hoje viemos para mostrar nosso som. Além disso, é sempre bom ter contato com outros gêneros. Fizemos algumas amizades com o pessoal do funk, isso agrega bastante para a gente. Convivemos bem com a diversidade", aponta. Encerrando em grande estilo as comemorações do Dia Municipal da Juventude, a banda Pacata Cruzeta fez o primeiro show desde a retomada do grupo. Criado em 2012, eles acabaram seguindo outros projetos, mas há um mês resolveram voltar a ensaiar. Focados no estilo folk, eles compõem suas obras com referências às regiões mais pacatas de Cariacica. Uma das canções que mais chamam a atenção, é a versão cariaciquense de Cocaine Blues, música originalmente cantada pelo cantor norte americano Johnny Cash. "Nós pegamos a letra, traduzimos e inserimos símbolos aqui do nosso município. Ela narra a história de um crime passional e por tudo que o assassino passa até o dia em que é preso. Foi bom mostrar esse trabalho para o público é uma grande alegria tocar neste evento", disse o vocalista Eduardo Portela.